O banco BTG Pactual anunciou a aquisição das operações do HSBC no Uruguai por US$ 175 milhões (aproximadamente R$ 973 milhões), marcando sua entrada no mercado bancário uruguaio e fortalecendo sua presença na América Latina. A transação, revelada nesta segunda-feira (28), inclui cinco agências, cerca de 50 mil clientes e um market share estimado em 7%.
A operação permitirá ao BTG atuar em segmentos como varejo bancário, crédito corporativo, banco de investimento e gestão de fortunas. O público-alvo inclui tanto residentes quanto empresas com atividades no Uruguai. A conclusão do negócio está sujeita à aprovação de autoridades regulatórias locais e deve ocorrer entre seis e 12 meses.
Segundo Rodrigo Goes, sócio do BTG e responsável pela atuação do banco fora do Brasil, o movimento é estratégico. “Estamos diversificando nossa receita fora do Brasil, e o Uruguai se mostrou uma oportunidade única. O HSBC está se retirando da América do Sul, e conseguimos adquirir um ativo de qualidade com preço atrativo”, afirmou.
Além do valor pago pela operação, a transação contempla o patrimônio líquido de US$ 144 milhões e instrumentos de capital adicionais no valor de US$ 47 milhões, segundo comunicado oficial. Goes destacou ainda que a rentabilidade esperada está na faixa de 25% a 30%, com o HSBC se posicionando na extremidade superior desse intervalo.
A escolha do Uruguai se deve a fatores como estabilidade econômica, ambiente regulatório consolidado e atratividade para a gestão de fortunas. “É uma jurisdição que gostamos muito, e isso casa com nossa estratégia global de wealth management”, completou o executivo.
Com a nova aquisição, o BTG reforça sua estratégia de internacionalização. Além da nova operação no Uruguai, o banco já está presente em outros mercados da América Latina — como Chile, Colômbia, México, Peru e Argentina — e mantém atuação relevante na Europa e nos Estados Unidos. Em 2023, por exemplo, adquiriu o FIS Privatbank em Luxemburgo, dando origem ao BTG Pactual Europe.
Na visão do CEO Roberto Sallouti, o negócio representa um passo importante para o crescimento regional. “Fortalece nossa presença na América Latina e nos posiciona ainda mais como o maior banco de investimento da região”, declarou em nota à imprensa.
A expectativa é que a unidade uruguaia se torne uma das três principais operações do BTG na América Latina, atrás apenas de Chile e Colômbia. O banco também aguarda a liberação de licença bancária no Peru, prevista para os próximos 9 a 12 meses, e segue avaliando novas oportunidades, especialmente no México e na Argentina.
Apesar de manter uma operação rentável na Argentina, Goes indicou que o cenário macroeconômico instável do país ainda exige cautela. “Estamos atentos, mas ainda não é o momento de um avanço maior por lá”, concluiu.