A Vale (VALE3) anunciou nesta segunda-feira (6) que vai recomprar até a totalidade de suas debêntures participativas, emitidas pouco antes da privatização da mineradora, em 1997. O preço proposto é de R$ 42 por título, valor que representa um prêmio de 52.400% sobre o preço nominal de R$ 0,01.
A operação pode movimentar mais de R$ 16 bilhões, caso todos os investidores aceitem a oferta. Segundo a companhia, a recompra tem o objetivo de reduzir custos financeiros e ajustar a estrutura de capital. O prazo para adesão termina às 19h20 do dia 31 de outubro, e a liquidação ocorrerá em 5 de novembro, conforme comunicado da empresa à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O que são debêntures participativas
As debêntures participativas surgiram no processo de privatização da Vale, em 1997. Diferentemente dos títulos tradicionais, elas não têm prazo de vencimento e oferecem remuneração variável vinculada ao desempenho da mineradora.
Os investidores recebem parte da receita líquida das vendas:
- 1,8% sobre o minério de ferro;
- 2,5% sobre cobre e ouro, após atingidas metas de produção.
O valor é calculado em dólares e convertido para reais. Dessa forma, quando o câmbio sobe ou a produção cresce, a remuneração também aumenta. Nos últimos meses, a alta na produção da região Sudeste elevou os custos desses papéis para a empresa.
Detalhes da recompra
A Vale planeja recomprar até 388,6 milhões de debêntures que estão em circulação. A oferta é voluntária, portanto, cada investidor pode escolher se deseja vender ou continuar com o título. Após a recompra, os papéis serão cancelados, o que reduz o endividamento e melhora a estrutura de capital da companhia.
Cinco bancos coordenam a operação: Citibank, Bradesco BBI, BTG Pactual, Itaú BBA e Santander. Além disso, para investidores norte-americanos, a proposta segue a isenção Tier I, prevista no Securities Exchange Act de 1934, legislação dos Estados Unidos que regula ofertas de aquisição.
Contexto e impacto financeiro
Atualmente, as debêntures participativas da Vale rendem cerca de 13% ao ano em dólares, mais que o dobro dos 6,1% pagos pelos bônus internacionais da empresa com vencimento em 2054. Por esse motivo, a recompra tende a reduzir o custo da dívida e oferecer liquidez a quem detém esses títulos há quase 30 anos.
Em 2021, o governo federal vendeu parte das debêntures no programa de desestatização do então presidente Jair Bolsonaro. Essa operação aumentou a liquidez do papel e atraiu novos investidores. Agora, com a nova oferta, a Vale reforça sua disciplina financeira e a gestão ativa de passivos, ampliando a eficiência na alocação de capital.






























