O Ibovespa encerrou novembro em máxima histórica, acima dos 159 mil pontos, impulsionado pela combinação de entrada de capital estrangeiro, expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos e anúncio de proventos bilionários por parte de grandes companhias brasileiras. Embora não tenha superado a marca simbólica dos 160 mil no fechamento, o índice acumulou alta de 6,37% no mês — o quarto avanço consecutivo — e já sobe mais de 32% em 2025.
A sessão desta sexta-feira (28) manteve o tom positivo observado ao longo de novembro. O índice fechou em 159.072 pontos, com avanço de 0,45%, e renovou seu recorde intradiário ao atingir 159.689 pontos. Ao mesmo tempo, o volume financeiro permaneceu abaixo da média do mês, reflexo do pregão reduzido em Nova York após o feriado de Ação de Graças.
O que sustentou o rali em novembro
A continuidade da valorização do Ibovespa foi favorecida pela percepção de que o Federal Reserve pode voltar a reduzir juros em dezembro. De acordo com a ferramenta FedWatch, as apostas de corte de 0,25 ponto percentual chegam a quase 87%. Tal expectativa reforça a realocação global de recursos para emergentes e fortalece o fluxo para a bolsa brasileira. Além disso, a queda do dólar — que recuou 0,85% no mês — reforçou o apetite por ativos locais.
No Brasil, a taxa de desemprego atingiu 5,4% no trimestre até outubro, o menor nível da série histórica. Embora parte do recuo venha da menor taxa de participação, o dado indica mercado de trabalho ainda aquecido. Contudo, analistas ponderam que a desaceleração gradual do emprego formal pode influenciar as projeções para o início do ciclo de cortes da Selic, atualmente em 15% ao ano.
As empresas que mais influenciaram o pregão
A performance de Itaú Unibanco e Vale teve papel central na alta do dia e do mês. O banco aprovou R$ 23,4 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio, além do cancelamento de R$ 3 bilhões em ações em tesouraria. Já a mineradora anunciou distribuição de R$ 3,58 por ação, totalizando cerca de R$ 15,3 bilhões entre janeiro e março, como antecipação de resultados futuros.
Por outro lado, a Petrobras recuou após apresentar seu plano de investimentos para 2026–2030, estimado em US$ 109 bilhões — queda de 1,8% frente ao ciclo anterior. A ausência de previsão para dividendos extraordinários gerou cautela adicional.
Enquanto isso, outros papéis refletiram movimentos setoriais relevantes. A Hapvida renovou mínimas históricas e fechou o mês com queda de quase 55% após resultados trimestrais considerados fracos. Já ações de energia, como Axia e Taesa, acompanharam debates sobre novas estruturas societárias e antecipações de dividendos.
Panorama internacional reforça apetite a risco
Os mercados nos Estados Unidos também encerraram novembro em alta. O Dow Jones avançou 0,61% na sessão e completou o sétimo mês seguido de ganhos — a maior sequência desde 2018. O S&P 500 terminou o mês em leve alta e o Nasdaq recuou, pressionado pelas empresas de tecnologia. Ainda assim, a perspectiva de corte de juros segue dominando o sentimento dos investidores e contribui para o apetite global por risco.
Além disso, commodities exibiram sinais mistos: o petróleo alternou entre altas e baixas após problemas técnicos interromperem negociações do WTI, enquanto o minério recuou tanto em Dalian quanto em Cingapura.
Fatores macroeconômicos que influenciaram novembro
O mês também foi marcado por avanços na relação comercial entre Brasil e Estados Unidos. A Casa Branca suspendeu tarifas de 40% sobre 238 produtos agrícolas brasileiros, medida retroativa a novembro. Embora ainda haja itens industriais taxados, o gesto contribuiu para melhorar a percepção sobre o ambiente econômico.
Em paralelo, mudanças fiscais ganharam destaque. A ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas e a taxação de altas rendas ajudaram a moldar parte das expectativas domésticas, ainda que os impactos totais permaneçam sob avaliação.
Por fim, a liquidação extrajudicial do Banco Master mobilizou o mercado financeiro. O Banco Central interveio após uma crise de liquidez, enquanto o Fundo Garantidor de Créditos estimou desembolso de R$ 41 bilhões para honrar garantias — cerca de um terço de seu caixa disponível.
As maiores altas e quedas do Ibovespa no mês
Entre os destaques positivos, MRV, Magazine Luiza, RD Saúde e Petz lideraram as altas, todas com ganhos superiores a 19%. Na outra ponta, Hapvida, PetroReconcavo, Minerva, Raízen e CSN registraram as maiores quedas.






























