O Banco Central (BC) aprovou, nesta segunda-feira (13), injeções de capital no Banco Master e no Will Bank. As decisões, publicadas no Diário Oficial da União, somam R$ 840 milhões e visam reforçar o patrimônio das instituições após meses de incerteza.
No Banco Master Múltiplo, o capital subiu de R$ 1,16 bilhão para R$ 1,58 bilhão com aporte de R$ 420 milhões. No Will Bank, braço digital do grupo, o capital passou de R$ 370 milhões para R$ 789 milhões, também com aporte de R$ 419 milhões. Assim, as duas operações totalizam R$ 840 milhões.
Contexto e desdobramentos
Um mês antes, o BC rejeitou a compra de parte do Master pelo Banco de Brasília (BRB). Na ocasião, o BRB pretendia adquirir cerca de 58% do capital do Master. Contudo, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apontou irregularidades e contestou o processo. Portanto, a recusa expôs fragilidades e gerou pressão regulatória sobre o grupo controlado por Daniel Vorcaro.
Desde então, o Master vem buscando formas de reforçar seu balanço. Além disso, o grupo já havia realizado dois aumentos de capital no ano, de R$ 1 bilhão cada. Com os aportes recentes, o total injetado em 2025 chega a R$ 2,84 bilhões.
Modelo de captação e riscos
O Master cresceu com uma estratégia de captação considerada agressiva. Por isso, ofereceu CDBs (Certificados de Depósito Bancário) com retornos superiores à média do mercado — em alguns casos, até 140% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Esses papéis atraíram muitos investidores pessoa física.
No entanto, parte dos recursos foi aplicada em ativos de maior risco, como precatórios e participações em empresas em dificuldades. Consequentemente, surgiram dúvidas sobre a liquidez do banco e sobre a robustez do seu modelo de negócios. Ademais, órgãos de controle iniciaram investigações e exigiram maior transparência.
Medidas regulatórias e impacto no setor
Em resposta a fragilidades observadas, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou novas regras para o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Essas normas limitam alavancagem e aumentam contribuições de bancos com perfil de risco mais alto. As medidas entram em vigor em junho de 2026 e visam reduzir o risco moral associado a práticas excessivas de captação.
Enquanto isso, o aporte autorizado pelo BC deve dar fôlego imediato ao grupo. Contudo, analistas alertam que o reforço patrimonial só terá efeito duradouro se vier acompanhado de ajustes no perfil de risco e de maior disciplina na alocação de ativos.
Situação do Will Bank e perspectivas de venda
O Will Bank registrou prejuízo de R$ 244,7 milhões no 1º semestre de 2025 e manteve R$ 14,36 bilhões em ativos, dos quais R$ 7,44 bilhões estão em operações de crédito. Por isso, o banco digital segue à venda. Além disso, fontes de mercado indicaram que o apresentador Luciano Huck chegou a avaliar a compra de participação na instituição.
Portanto, a aprovação do BC pode facilitar negociações futuras, já que melhora a posição patrimonial do Will Bank. Entretanto, compradores em potencial provavelmente exigirão auditorias e compromissos claros de governança antes de avançar.
Conclusão
A capitalização autorizada pelo BC busca conter riscos de liquidez e evitar uma crise de confiança mais ampla. Ainda assim, o sucesso da manobra dependerá da capacidade do Master e do Will Bank de reduzir exposição a ativos ilíquidos, ajustar a política de captação e recuperar credibilidade junto a investidores e reguladores.






























