O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu nesta quarta-feira (17) manter a Selic, a taxa básica de juros da economia, em 15% ao ano. É a segunda reunião consecutiva em que o colegiado interrompe o ciclo de alta iniciado em 2024. A decisão foi unânime e já era amplamente esperada pelo mercado.
No comunicado, o BC reiterou que o cenário de inflação ainda apresenta riscos relevantes. Por isso, será necessário manter a política monetária em nível “significativamente contracionista por período bastante prolongado” para garantir a convergência dos preços à meta. Em outras palavras, os juros devem permanecer altos por mais tempo para conter pressões inflacionárias.
Incertezas e riscos no horizonte
Entre os fatores que podem pressionar a inflação, a autoridade monetária citou a possibilidade de desancoragem das expectativas do mercado e a resiliência dos preços de serviços. Também destacou a instabilidade externa, que pode afetar o câmbio e encarecer produtos importados.
Por outro lado, uma desaceleração mais forte da atividade econômica no Brasil ou no exterior pode reduzir a pressão inflacionária. A queda nos preços das commodities é outro fator que ajudaria nesse movimento.
O BC revisou sua projeção para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 2025 para 4,8%. O número é ligeiramente inferior à previsão anterior, de 4,9%. Mesmo assim, a estimativa permanece acima do centro da meta, de 3%.
Selic deve seguir alta até 2026
De acordo com o boletim Focus, levantamento semanal feito pela própria autarquia com analistas do mercado, a expectativa é que a primeira redução da Selic ocorra apenas em 28 de janeiro de 2026. Nesse encontro, está previsto um corte de 0,25 ponto percentual, levando a taxa para 14,75% ao ano.
Com isso, os juros seguem no maior patamar desde 2006. O ciclo de aperto monetário começou em setembro de 2024, quando a Selic estava em 10,5%. De lá para cá, foram sucessivas elevações até atingir os atuais 15%.
Efeitos no mercado e no ranking global
A manutenção dos juros em patamar elevado mantém o Brasil na segunda posição no ranking mundial de juros reais — aqueles descontados pela inflação. O país registra taxa estimada em 9,51% em setembro, atrás apenas da Turquia, com 12,34%, segundo levantamento da MoneYou e da Lev Intelligence.
No mercado de ações, o Ibovespa chegou a superar os 146 mil pontos pela primeira vez após o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciar corte de 0,25 ponto percentual nos juros norte-americanos. O índice encerrou o pregão em 145.593 pontos, novo recorde de fechamento.
Analistas avaliam que a combinação entre a decisão do Fed e a expectativa de manutenção prolongada da Selic pode favorecer setores ligados ao consumo. Ainda assim, a política monetária doméstica segue restritiva e limita o fôlego da atividade.






























