O Bitcoin cai para a faixa de US$ 86 mil nesta terça-feira (16), sob pressão da aversão ao risco nos mercados globais, da rotação de capital no mercado acionário norte-americano e, além disso, da expectativa em torno dos dados de emprego dos Estados Unidos, indicadores que influenciam diretamente as decisões de política monetária do Federal Reserve (Fed).
Contexto do mercado financeiro
Por volta das 11h (horário de Brasília), o Bitcoin (BTC) era negociado próximo de US$ 86.300, acompanhando, por um lado, o recuo dos futuros de Nova York e, por outro, o desempenho negativo das principais bolsas internacionais. Esse movimento ocorre após a divulgação de indicadores que, em conjunto, reforçaram sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho norte-americano, o que elevou a cautela dos investidores.
Na Ásia, os principais índices acionários fecharam em queda. Na sequência, os mercados europeus e os futuros de Wall Street também operavam no vermelho. Assim, o ambiente reflete um ajuste mais amplo nos ativos de risco, que inclui não apenas ações, mas também criptomoedas.
Rotação no mercado de ações afeta criptomoedas
Segundo analistas, o desempenho negativo do Bitcoin está diretamente relacionado à rotação no mercado acionário. Esse fenômeno ocorre quando investidores realocam recursos de ações de crescimento — especialmente empresas ligadas à inteligência artificial — para papéis classificados como de valor, tradicionalmente considerados menos voláteis.
Como consequência, o apetite por ativos mais sensíveis ao risco diminui. Nesse contexto, criptomoedas acabam sendo impactadas, já que dependem de fluxo comprador consistente para sustentar movimentos de alta. Além disso, investidores que adquiriram Bitcoin próximo das máximas históricas têm aproveitado eventuais recuperações para realizar lucros, o que, por sua vez, amplia a pressão vendedora.
Queda acumulada e impacto em outras criptomoedas
Desde o recorde histórico registrado no início de outubro, acima de US$ 126 mil, o Bitcoin acumula uma desvalorização próxima de 30%. No entanto, o movimento de correção não se restringe ao principal criptoativo do mercado.
O Ethereum (ETH), segunda maior criptomoeda em valor de mercado, também opera em queda expressiva. Atualmente, o ativo é negociado abaixo de US$ 3.000, com perdas superiores a 6% no dia. Da mesma forma, outras criptomoedas relevantes, como Solana, XRP e Dogecoin, acompanham o movimento de baixa, refletindo, de modo geral, o enfraquecimento do setor.
ETFs registram resgates relevantes
Outro fator que pesa sobre o mercado, nesse momento, é o comportamento dos ETFs de Bitcoin e Ethereum negociados nos Estados Unidos. Na segunda-feira (15), esses fundos registraram resgates líquidos combinados de aproximadamente US$ 582 milhões, o maior volume desde o fim de novembro.
Os ETFs, ou fundos negociados em bolsa, permitem que investidores tenham exposição às criptomoedas sem adquirir diretamente os ativos digitais. Portanto, quando há resgates líquidos elevados, isso indica saída de capital institucional, o que tende a exercer pressão adicional sobre os preços.
De acordo com dados da empresa de análise on-chain Glassnode, o custo médio de aquisição do Bitcoin por esses ETFs está em torno de US$ 83 mil. Esse patamar, por outro lado, tem funcionado como suporte técnico em correções recentes.
Expectativa pelos dados de emprego dos Estados Unidos
Além dos fatores de mercado, os investidores aguardam a divulgação do payroll, principal relatório de empregos dos Estados Unidos. Esse indicador mostra quantas vagas foram criadas ou perdidas no setor não agrícola e, por isso, é acompanhado de perto pelo Fed na definição da política de juros.
As projeções apontam para uma criação modesta de postos de trabalho e para uma taxa de desemprego acima das leituras anteriores. Caso esse cenário se confirme, a percepção de desaceleração econômica tende a ganhar força. Como resultado, a volatilidade nos ativos financeiros pode aumentar, incluindo o Bitcoin.
Análise técnica aponta suportes e resistências
Do ponto de vista técnico, especialistas avaliam que, se o fluxo vendedor persistir, o Bitcoin pode testar suportes na região de US$ 85.600. Em um cenário mais adverso, o ativo pode buscar níveis próximos de US$ 79.000. Suporte é um nível de preço onde, historicamente, há maior interesse comprador, o que pode conter novas quedas.
Por outro lado, uma eventual retomada do apetite por risco poderia levar o Bitcoin a enfrentar resistências em torno de US$ 94.500 e US$ 101.300, faixas nas quais tende a surgir maior pressão vendedora.
No caso do Ethereum, o suporte relevante está próximo de US$ 2.840. Já as resistências mais importantes aparecem acima de US$ 3.400, conforme indicam analistas do mercado.





























