O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (23), renovando recordes históricos ao ultrapassar os 147 mil pontos pela primeira vez. O avanço foi impulsionado principalmente pelas ações da Petrobras (PETR4) e de grandes bancos, em meio à valorização do petróleo no exterior e a declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que sinalizou disposição para estreitar laços com o Brasil.
O índice de referência da B3 subiu 0,91%, encerrando o pregão a 146.424,94 pontos, após alcançar a máxima de 147.178,47 pontos no intradia. O volume financeiro movimentado somou cerca de R$ 20,5 bilhões.
Política internacional dá fôlego ao mercado
Durante a 80ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, Trump relatou um encontro cordial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse ter interesse em marcar uma reunião. O gesto foi interpretado como sinal de alívio nas relações entre os dois países, após períodos de tensão.
“A expectativa de aproximação reduziu o risco de novas sanções e reforçou a percepção de melhora no ambiente bilateral, o que favorece ativos brasileiros”, avaliou Bruno Shahini, especialista da Nomad.
Além disso, analistas ressaltaram que a possível reunião pode abrir espaço para negociações comerciais futuras. Na avaliação de Willian Queiroz, sócio da Blue3 Investimentos, a simples sinalização já foi suficiente para animar os investidores.
Contexto econômico externo e local
O cenário internacional também contribuiu para o resultado da Bolsa. Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que a instituição precisa equilibrar os cortes de juros para evitar tanto uma retomada da inflação quanto uma desaceleração excessiva da economia.
Enquanto isso, no Brasil, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) reforçou a decisão de manter a taxa Selic em 15%. O documento destacou que será necessário observar por mais tempo se o nível atual de juros é suficiente para levar a inflação à meta. Assim, investidores mantiveram a expectativa de que a autoridade monetária possa sinalizar mudanças apenas no médio prazo.
Destaques do pregão
- Petrobras avançou 1,8%, acompanhando a alta do petróleo após a suspensão de um acordo para retomar exportações do Curdistão iraquiano. A paralisação reduziu temores de excesso de oferta global.
- Banco do Brasil (BBAS3) liderou os ganhos entre os grandes bancos, com alta de 2,88%, na véspera de evento com investidores em Nova York. Itaú Unibanco (ITUB4) subiu 1,59%, Santander (SANB11) avançou 1,35%, BTG Pactual (BPAC11) ganhou 1,4% e Bradesco (BBDC4) fechou com +0,62%.
- Cosan (CSAN3) recuperou 3,26%, após queda de 18% no pregão anterior, quando anunciou uma capitalização bilionária para reforçar sua estrutura financeira. Por outro lado, Raízen (RAIZ4) recuou 1,68%, refletindo cautela após o movimento de sua controladora.
- Vale (VALE3) caiu 0,57% diante da baixa dos futuros do minério de ferro na China.
- RD Saúde (RDOR3) subiu 3,92%, revertendo perdas acumuladas na semana.
- Marfrig (MRFG3) recuou 6,72% no primeiro pregão após a conclusão da incorporação da BRF, que cria uma das maiores companhias de alimentos do mundo. Entretanto, analistas destacam que as sinergias devem trazer ganhos relevantes no longo prazo.
- Yduqs (YDUQ3) caiu 0,52% após mudanças na estrutura executiva e anúncio de novas vice-presidências.
- Lojas Renner (LREN3) cedeu 2,15%, enquanto a concorrente C&A (CEAB3) avançou 1,5%. Nesse caso, a diferença de desempenho refletiu percepções distintas sobre o potencial de resultados no trimestre.
Perspectivas
O movimento de alta reforça a migração de recursos da renda fixa para a renda variável, já que investidores buscam alternativas mais rentáveis diante do cenário global de juros. Desse modo, o comportamento do Ibovespa mostra que o mercado está atento tanto à política monetária internacional quanto ao quadro político entre Brasília e Washington.






























