O Ibovespa voltou a desafiar o cenário internacional nesta terça-feira (4). O principal índice da B3 subiu 0,17%, aos 150.704,20 pontos, registrando o sétimo recorde consecutivo de fechamento e o décimo dia seguido de ganhos.
Durante o pregão, o índice chegou à nova máxima intradiária de 150.877,55 pontos. Apesar do clima negativo nas bolsas internacionais, o mercado brasileiro manteve o ritmo comprador e mostrou resiliência.
O avanço ocorre em meio à expectativa pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que será anunciada nesta quarta-feira (5). O consenso do mercado é pela manutenção da Selic em 15% ao ano.
Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou nesta terça a pressão política por cortes de juros. Segundo ele, “por mais pressão que haja sobre o Banco Central, as taxas terão de cair”, destacando a melhora nas projeções de inflação.
Copom e cenário fiscal aumentam cautela
Enquanto aguardam a decisão do Copom, os investidores adotam postura defensiva. O mercado deve observar com atenção o tom do comunicado, que pode sinalizar os próximos passos da política monetária.
Por outro lado, no campo fiscal, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou a votação de dois projetos relevantes. Um deles eleva a tributação sobre apostas online e fintechs. O outro amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil mensais, com desconto parcial até R$ 7.350.
O adiamento reforçou a percepção de lentidão nas medidas de ajuste das contas públicas. Além disso, trouxe incertezas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio fiscal.
Enquanto isso, o dólar à vista avançou 0,77%, encerrando a R$ 5,3989, no maior valor desde setembro. O movimento acompanhou a valorização global da moeda americana. O índice DXY subiu 0,35%, refletindo a maior busca por ativos seguros.
Bancos e Klabin sustentam alta do índice
Entre as ações, Klabin (KLBN11) esteve entre as maiores altas. O papel subiu após a divulgação do balanço do terceiro trimestre e o anúncio da distribuição de R$ 318 milhões em dividendos.
O banco Santander destacou o Ebitda ajustado em linha com as projeções e a sólida geração de caixa da companhia. Com isso, as ações da empresa ajudaram a sustentar o índice.
Além disso, os bancos também contribuíram para o avanço do Ibovespa, com ganhos em Bradesco e Banco do Brasil. Já Itaú Unibanco (ITUB4) teve leve queda, em movimento de ajuste técnico antes da divulgação de resultados.
Por outro lado, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) recuaram. A queda do minério de ferro e do petróleo nos mercados internacionais pressionou as ações de commodities.
As maiores baixas do dia foram de Embraer (EMBR3), em reação aos números do 3T25; os resultados vieram em linha com projeções, porém sem sinalizar revisão positiva do guidance. Já Cosan (CSAN3) caiu após precificar sua oferta de ações a R$ 5 por papel, operação que deve levantar cerca de R$ 9 bilhões.
Mercados internacionais operam em queda
Nos Estados Unidos, as bolsas fecharam em baixa. Executivos de grandes bancos alertaram para o risco de correção nos preços das ações.
O Dow Jones recuou 0,53%, o S&P 500 caiu 1,17% e o Nasdaq, mais exposto às empresas de tecnologia, perdeu 2,04%.
De acordo com líderes do Morgan Stanley e do Goldman Sachs, os mercados podem sofrer uma queda entre 10% e 15% nos próximos meses. Eles apontam avaliações elevadas e o temor de uma bolha em empresas de tecnologia.
A Palantir, companhia de software de inteligência artificial, caiu mais de 9% mesmo com resultados acima das estimativas. Assim, o episódio reforçou o sentimento de cautela.
Na Europa, o Stoxx 600 recuou 0,30%, atingindo a mínima de duas semanas. A incerteza fiscal no Reino Unido também pesou. Por sua vez, a ministra das Finanças, Rachel Reeves, disse que o governo tomará “decisões difíceis” antes do novo orçamento, previsto para 26 de novembro. A declaração levou a libra esterlina ao menor valor desde abril.
Na Ásia, o tom negativo se manteve. O Nikkei caiu 1,74%, enquanto o Hang Seng perdeu 0,79%.
Produção industrial recua e mostra fraqueza
No Brasil, a produção industrial caiu 0,4% em setembro, informou o IBGE. O resultado reverte a leve alta do mês anterior e reflete os efeitos da política monetária restritiva.
Segundo André Macedo, gerente da pesquisa, “a indústria segue com baixo dinamismo e taxas próximas de zero”.
Portanto, o dado reforça a leitura de atividade econômica enfraquecida no início do quarto trimestre.
Resumo
Em síntese, mesmo com a aversão global ao risco, o mercado brasileiro manteve o otimismo. O Ibovespa ampliou a sequência positiva, apoiado em bancos e nos balanços corporativos.
Agora, a expectativa se volta à decisão do Copom, que pode definir o ritmo dos próximos movimentos da Bolsa.






























