Os economistas consultados pelo Banco Central (BC) voltaram a cortar as expectativas de inflação para 2025 e 2026, enquanto as estatísticas de crédito de agosto indicam avanço da inadimplência e juros ainda elevados. As informações constam no Boletim Focus e nos dados de crédito divulgados nesta segunda-feira (29).
Segundo o Focus, a mediana das projeções para o IPCA caiu de 4,83% para 4,81% em 2025 e de 4,29% para 4,28% em 2026. Para 2027 e 2028, as estimativas permaneceram em 3,90% e 3,70%, respectivamente. A revisão ocorre após a prévia da inflação de setembro ter surpreendido o mercado, com alta de 0,48% no mês e de 5,32% em 12 meses. Dessa forma, os analistas passaram a ver menor pressão inflacionária no médio prazo.
Projeções econômicas estáveis
O relatório também mostrou estabilidade nas expectativas para o PIB e para a taxa básica de juros. O crescimento projetado é de 2,16% em 2025, 1,80% em 2026, 1,90% em 2027 e 2% em 2028. Já a Selic deve encerrar os próximos anos em 15%, 12,25%, 10,50% e 10%.
No câmbio, as projeções foram revistas para baixo: o dólar deve valer R$ 5,48 em 2025, R$ 5,58 em 2026 e R$ 5,56 em 2027. Para 2028, houve leve ajuste para cima, de R$ 5,54 para R$ 5,56. Assim, o mercado projeta certa estabilidade cambial, ainda que com oscilações pontuais.
Crédito cresce menos e inadimplência avança
Paralelamente, o Banco Central registrou que o estoque de crédito no país alcançou R$ 6,8 trilhões em agosto. Apesar do avanço, o ritmo de expansão diminuiu, refletindo principalmente a retração de 0,1% no crédito às empresas. Entre as famílias, por outro lado, o movimento foi de alta, puxado por financiamentos de veículos e empréstimos consignados.
A inadimplência — operações em atraso acima de 90 dias — subiu para 3,9% do total. Entre as famílias, o indicador atingiu 6,8%, enquanto o crédito livre às empresas permaneceu estável em 3,3%. Portanto, o aumento da inadimplência recai sobretudo sobre os consumidores.
Juros seguem elevados no novo consignado
O relatório destacou ainda o desempenho da nova modalidade de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, em que as parcelas são descontadas diretamente da folha de pagamento. A taxa média das operações contratadas até julho ficou em 3,9% ao mês, acima dos 2,6% do consignado tradicional e abaixo dos 6,2% do crédito pessoal sem garantia.
Em agosto, a taxa média desse consignado ficou em 3,79% ao mês, o dobro do custo para aposentados e servidores públicos (1,8% ao mês). Além disso, outras linhas seguem com juros elevados: o cheque especial custa 7,49% ao mês e o rotativo do cartão de crédito, 15,29%.
Impactos para economia e famílias
Os dados apontam para uma economia em desaceleração gradual, com inflação em queda, mas ainda sob efeito de juros altos. Nesse contexto, as famílias enfrentam crédito mais caro e maior risco de inadimplência, especialmente entre trabalhadores do setor privado. Em contrapartida, a queda projetada da inflação pode abrir espaço para redução dos juros no médio prazo, embora a trajetória dependa das condições fiscais e externas.






























