A Petrobras recebeu licença do Ibama para iniciar a perfuração de um poço exploratório na Margem Equatorial, em águas profundas do Amapá. O poço está localizado no bloco FZA-M-059, a 500 km da foz do Rio Amazonas e a 175 km da costa. Com isso, a estatal busca mapear o potencial de petróleo e gás na região, considerada uma nova fronteira energética do país.
De acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a iniciativa pode acrescentar R$ 175 bilhões ao PIB e criar 495 mil empregos formais. Além disso, a licença marca o início de uma fase estratégica para o setor de óleo e gás, já que ocorre em meio ao declínio natural das bacias de Campos e de Santos.
Autorização e investimentos
A licença ambiental foi concedida após cinco anos de análise técnica, estudos de impacto e audiências públicas. Segundo a Petrobras, a etapa é apenas exploratória — ainda não há produção comercial de petróleo ou gás.
Por enquanto, a estatal investirá US$ 3 bilhões na Margem Equatorial até 2029. O plano prevê a perfuração de 15 poços exploratórios com tecnologias de alta precisão e protocolos de segurança ambiental. Dessa forma, a companhia pretende garantir maior previsibilidade e controle sobre as operações.
A nova fronteira energética
A Margem Equatorial se estende do Amapá ao Rio Grande do Norte. A região é considerada uma das últimas fronteiras de exploração em águas profundas do Brasil. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o potencial é de 30 bilhões de barris de óleo equivalente.
Nesse contexto, a área ganha relevância porque as principais bacias produtoras do país entram em fase de maturação. Portanto, a abertura de novas frentes garante a manutenção da produção nacional e da presença do Brasil no mercado global de energia.
Impactos econômicos e sociais
O levantamento da CNI aponta que a cadeia produtiva associada ao projeto — incluindo serviços, equipamentos e suporte técnico — pode gerar R$ 11,23 bilhões em arrecadação indireta. Ademais, a estimativa de royalties varia entre R$ 3,6 e 5,4 bilhões por ano, com R$ 270 milhões destinados à pesquisa e inovação.
Para o economista Roberto Piscitelli, do Corecon-DF, a exploração pode diversificar a economia da região e fortalecer a integração com o restante do país. Ele ressalta, contudo, a importância de manter rígido controle ambiental.
Desafios e sustentabilidade
A perfuração em águas profundas exige monitoramento constante da fauna marinha e sistemas de resposta rápida a incidentes. Por essa razão, a Petrobras afirma que adota práticas de ESG (Ambiental, Social e Governança) para garantir uma operação segura e sustentável.
O presidente da CNI, Ricardo Alban, destaca que a licença do Ibama mostra ser possível unir crescimento econômico e preservação ambiental. Na visão dele, o projeto é essencial para a segurança energética e para financiar a transição para fontes limpas.
Próximos passos
A perfuração do poço deve durar cinco meses. Durante esse período, técnicos vão coletar amostras e dados geológicos. Caso o potencial comercial seja confirmado, o início da produção pode ocorrer em até oito anos.
Por fim, especialistas afirmam que a continuidade de novos projetos é vital para que o Brasil mantenha relevância no setor de petróleo. O equilíbrio entre exploração responsável e compromisso ambiental será decisivo para o sucesso da Margem Equatorial.






























