O gasto público brasileiro já supera R$ 3,5 trilhões em 2025, segundo dados do painel Gasto Brasil, ferramenta criada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Apenas a Previdência Social responde por mais de R$ 988 bilhões, o equivalente a quase um terço do orçamento.
O painel, instalado em áreas de grande circulação nas capitais, atualiza em tempo real os desembolsos da União, estados, municípios e Distrito Federal. Além disso, a proposta é traduzir números complexos em informação acessível à população, de forma semelhante ao “Impostômetro”, que desde 2005 mostra a arrecadação tributária do país.
Ferramenta busca aproximar sociedade do debate fiscal
Para André Amaral, presidente da Associação Comercial da Paraíba, o impacto visual do painel ajuda a tornar compreensível um tema normalmente restrito a economistas.
“Quando vemos um número trilionário avançando a cada segundo, isso desperta reflexão. O cidadão passa a se questionar sobre onde e como o dinheiro público está sendo gasto”, afirma.
Amaral ressalta que a visualização em tempo real favorece a cobrança por mais transparência. “Num momento em que o dinheiro físico quase desapareceu do dia a dia das pessoas, ver cifras tão altas em um painel gera um choque que pode estimular a cidadania”, diz.
Economistas apontam entraves ao crescimento
A escalada das despesas reacende o debate sobre a sustentabilidade fiscal. Segundo o economista Allan Gallo, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a resistência do governo em promover ajustes compromete a política monetária.
“Enquanto não houver enfrentamento do rombo nas contas públicas, o Banco Central continuará sem condições de reduzir os juros de forma consistente”, avalia.
Na visão de Alfredo Cotait, presidente da CACB, os juros elevados são consequência direta do desequilíbrio fiscal e travam o crescimento. Em outras palavras, “se gastássemos apenas o que arrecadamos, a taxa básica de juros poderia estar em torno de 2,3% ao ano. O Gasto Brasil é uma ferramenta educativa para mostrar que a sociedade precisa participar desse debate”, afirma.
Entre o Estado máximo e o Estado necessário
Além da crítica econômica, a discussão sobre o gasto público também envolve aspectos políticos. Nesse sentido, Amaral defende o conceito de “Estado necessário” — que não se confunde com um Estado mínimo ou máximo.
“O governo precisa arrecadar, mas a sociedade tem o direito de saber quanto entra nos cofres, de quem é cobrado e como esse recurso é aplicado”, diz.
Enquanto o debate avança, o painel segue contabilizando em tempo real os gastos do país. Para os especialistas, o alerta é claro: sem reformas estruturais, a conta continuará crescendo.






























