A Copasa deu um novo passo no processo de privatização ao firmar uma carta de intenções com a Prefeitura de Belo Horizonte, na sexta-feira (5). O documento define as bases para a extensão da concessão de saneamento na capital mineira, cuja formalização deve ocorrer nas próximas semanas. Com o avanço, as ações CSMG3 encerraram a segunda-feira (8) em alta de 4%, negociadas a R$ 43,42.
Concessão será ampliada até 2073
O acordo prevê a prorrogação da concessão até 2073, mediante pagamento de outorga entre R$ 1,3 bilhão e R$ 1,5 bilhão. O valor será incorporado à base regulatória — conjunto de ativos usados para calcular a remuneração da empresa — e virá acompanhado de atualizações no modelo de regulação.
Além disso, haverá mudança na metodologia do WACC, indicador que define o custo médio ponderado do capital e orienta o cálculo de retorno dos ativos. O acerto ainda precisa de validação da Arsae-MG. Entretanto, uma vez aprovado, continuará válido mesmo após eventual privatização.
Analistas veem avanço consistente no processo
Para o Bradesco BBI, a prorrogação e as alterações regulatórias reforçam a perspectiva de geração de valor caso a privatização ocorra no primeiro trimestre de 2026. Segundo o banco, há potencial de ganho de eficiência operacional e melhoria no retorno dos investimentos.
Ademais, o BBI cita gatilhos importantes no curto prazo, como a votação do projeto de privatização, a revisão tarifária de dezembro e a assinatura definitiva do contrato com Belo Horizonte. O banco mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 56.
Por outro lado, a Genial Investimentos avalia que a extensão contratual reduz incertezas regulatórias e amplia a previsibilidade de receitas. Assim, o acordo reforça a relevância da capital mineira para o fluxo de caixa da companhia e melhora o ambiente para a privatização.
O Itaú BBA segue a mesma linha. Para a instituição, os recentes desdobramentos representam eventos de redução de risco e aumentam a probabilidade de conclusão do processo. Por fim, o banco reiterou recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 43,23.
Zema espera leilão até abril e projeta arrecadação superior a R$ 10 bi
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou que pretende concluir a privatização da Copasa até abril de 2026. Segundo ele, todos os grandes grupos privados do setor demonstraram interesse, o que pode elevar a arrecadação para além de R$ 10 bilhões.
A proposta já passou pela primeira votação na Assembleia Legislativa, e Zema acredita que a etapa final ocorrerá ainda este ano. Desse modo, o governo trabalha para realizar o leilão antes de sua desincompatibilização, prevista para abril de 2026.
De acordo com Zema, a Copasa desperta interesse de empresas como Sabesp, Aegea e Iguá. A estatal mineira tem valor de mercado próximo de R$ 16 bilhões, e o controle acionário — hoje nas mãos do governo, com 50,03% — pode elevar o valor final da operação.
Ainda que o plano inclua a privatização da Cemig, o governador reconhece que o prazo é curto para concluir a venda da elétrica. Assim, o foco permanece integralmente na Copasa.
Desempenho das ações
Com as expectativas favoráveis, CSMG3 avançou 4,9% às 15h13 desta segunda-feira, cotada a R$ 43,83. Nesse cenário, o papel acumula valorização superior a 120% no ano, impulsionado pela agenda de privatização e pelos ajustes regulatórios em discussão.






























