A economia brasileira avançou 0,2% em abril, conforme o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Banco Central. O resultado veio acima da expectativa do mercado, mas representa uma desaceleração em relação a março, quando o crescimento foi de 0,7%, após revisão. Analistas avaliam que o ritmo mais moderado indica os efeitos da política monetária restritiva.
O IBC-Br, considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), sinalizou ganho de 2,5% na comparação com abril de 2024 e alta de 4,0% no acumulado de 12 meses. O desempenho foi impulsionado, sobretudo, pelo setor de serviços, que cresceu 0,4% no mês. Em contrapartida, agropecuária e indústria recuaram 0,9% e 1,1%, respectivamente.
Segundo dados do IBGE, os serviços registraram o terceiro avanço consecutivo, com crescimento de 0,2%. Já o comércio varejista interrompeu uma sequência de três meses de alta e caiu 0,4%. A produção industrial também apresentou desempenho fraco, subindo apenas 0,1%.
Pressões e perspectivas econômicas
Embora o crescimento no início do segundo trimestre tenha surpreendido positivamente, a expectativa é de desaceleração nos próximos meses. Após forte contribuição da agropecuária no primeiro trimestre — com alta de 1,4% no PIB —, os economistas alertam para os impactos mais evidentes da taxa básica de juros elevada. A Selic segue em 14,75% e deve ser mantida, segundo 27 dos 39 economistas consultados pela Reuters.
Apesar disso, o mercado de trabalho aquecido pode continuar sustentando a atividade econômica. O Relatório Focus do Banco Central, também divulgado nesta segunda-feira, elevou levemente a projeção de crescimento do PIB para 2025, de 2,18% para 2,20%. Para 2026, a estimativa subiu para 1,83%.
Inflação e preços em queda
O cenário inflacionário mostra sinais de alívio. O Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10), calculado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), registrou deflação de 0,97% em junho, puxado pelo recuo nos preços das matérias-primas brutas. A maior queda veio do milho em grão, que recuou 16,21% no mês, refletindo o avanço das colheitas e o bom desempenho da safra.
Outros itens com forte retração foram bovinos (-4,50%), café em grão (-5,79%) e farelo de soja (-8,35%). O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), responsável por 60% do IGP-10, caiu 1,54% no mês, após baixa de 0,17% em maio.
No varejo, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) teve alta de 0,28%, com desaceleração em alimentos e itens como ovos e tomate, que registraram queda de 6,87% e 8,25%, respectivamente.
Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-10) subiu 0,87%, intensificando o ritmo em relação ao mês anterior (0,43%).
Boletim Focus: revisões reforçam cenário de cautela
O Boletim Focus apontou redução na expectativa de inflação para 2025, que passou de 5,44% para 5,25%. As projeções para os próximos anos permanecem ancoradas, com estimativas de 4,5% para 2026, 4% para 2027 e 3,85% para 2028. O câmbio também teve leve recuo na estimativa para 2025, de R$ 5,80 para R$ 5,77.
A taxa Selic segue projetada em 14,75% para este ano, devendo cair gradualmente nos próximos anos: 12,50% em 2026, 10,50% em 2027 e 10% em 2028, segundo o Focus.