O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou, nesta quarta-feira (18), a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,25 ponto percentual, fixando a Selic a 15% ao ano. A decisão foi unânime entre os diretores da instituição e representa a sétima alta consecutiva desde setembro de 2024. Com isso, a Selic alcança o maior patamar desde julho de 2006.
A medida busca conter a inflação resistente, que segue acima da meta, e reduzir a desancoragem das expectativas para os próximos anos. Ao mesmo tempo, o Copom sinalizou uma possível interrupção no ciclo de alta, para observar os impactos acumulados das decisões anteriores. Segundo o comunicado oficial, a manutenção da taxa em níveis elevados por um período prolongado será necessária para assegurar a convergência da inflação à meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Inflação acima da meta exige política contracionista
As projeções de inflação divulgadas no comunicado permanecem elevadas: 5,2% para 2025 e 4,5% para 2026, ambos acima do centro da meta. No cenário de referência adotado pelo Banco Central, que considera taxa de câmbio em R$ 5,60 e projeções do relatório Focus, a inflação esperada para 2026 é de 3,6%.
O Copom justificou a decisão com base em um ambiente doméstico de crescimento moderado e persistência de pressões inflacionárias, especialmente nos serviços. Entre os principais riscos de alta estão a possível desancoragem prolongada das expectativas, resiliência excessiva da atividade econômica e impactos inflacionários de políticas internas e externas. Por outro lado, uma desaceleração doméstica ou global mais intensa e a queda no preço das commodities podem representar riscos de baixa.
Contexto internacional e incertezas geopolíticas influenciam decisão
O cenário externo também pesou na decisão do comitê. A volatilidade nos mercados internacionais, impulsionada por incertezas sobre a condução da política fiscal e comercial dos Estados Unidos, tem exigido maior cautela dos países emergentes. Conflitos geopolíticos e oscilações nos preços de ativos globais contribuem para manter o ambiente econômico instável.
Internamente, o Copom continuará monitorando com atenção os desdobramentos da política fiscal e seus reflexos sobre a economia e os mercados. O comitê reiterou que manterá vigilância sobre os indicadores e que poderá retomar o ciclo de alta, se necessário, para assegurar a estabilidade de preços.
Juros altos afetam crédito e investimentos
Com a Selic a 15%, empresários, consumidores e investidores devem redobrar a atenção. Juros elevados impactam diretamente o custo do crédito, a tomada de financiamento e o apetite por risco. Em contrapartida, aumentam a atratividade de investimentos conservadores e estratégias de renda passiva, como fundos imobiliários e ações pagadoras de dividendos.
A sinalização de pausa no ciclo não representa garantia de cortes futuros. Segundo o Copom, os próximos passos dependerão da evolução da inflação, do comportamento das expectativas e do desempenho da economia brasileira nos próximos trimestres.