O Ibovespa encerrou esta sexta-feira (4) com alta de 0,24%, aos 141.263,56 pontos, ultrapassando pela primeira vez a marca dos 141 mil pontos no fechamento e estabelecendo um novo recorde nominal histórico. A máxima intradiária foi de 141.563,85 pontos, enquanto a mínima chegou a 140.596,75 pontos. Na semana, o principal índice da B3 acumulou valorização de 3,21%.
Mesmo com o desempenho positivo, o pregão registrou baixo volume financeiro, totalizando R$ 9,01 bilhões — bem abaixo da média diária de R$ 24,7 bilhões em 2025. A liquidez reduzida foi atribuída ao feriado da Independência nos Estados Unidos, que manteve os mercados de Wall Street fechados.
Decisão do STF sobre o IOF influencia o humor do mercado
No cenário doméstico, os investidores repercutiram a decisão liminar do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu os efeitos dos decretos do governo federal que aumentaram as alíquotas do IOF, bem como o decreto legislativo que havia anulado a medida. A decisão foi considerada uma tentativa de equilibrar as tensões entre o Executivo e o Legislativo.
Moraes também convocou uma audiência de conciliação para o próximo dia 15 de julho com representantes dos Três Poderes e da Procuradoria-Geral da República. Para analistas, a medida pode trazer estabilidade institucional.
“É uma decisão neutra, que evita desagradar tanto o governo quanto o Congresso”, avaliou Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. Já para Felipe Paletta, da EQI Research, a liminar é vista de forma positiva e pode abrir espaço para uma nova proposta do governo.
Dólar sobe e cenário internacional permanece no radar
Enquanto o Ibovespa avançou, o dólar à vista fechou em alta de 0,37%, cotado a R$ 5,4248. A valorização ocorreu em meio à expectativa pela sanção do pacote orçamentário “Beautiful Bill” nos Estados Unidos, que pode elevar o déficit fiscal do país em US$ 3,3 trilhões.
Na Europa, os principais índices acionários recuaram diante da proximidade do fim da trégua tarifária entre os EUA e a União Europeia. O índice pan-europeu Stoxx 600 caiu 0,48%. Na Ásia, o Nikkei japonês avançou 0,06%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,64%.
Ações em destaque e perspectivas para o Ibovespa
Entre os destaques positivos do pregão estiveram os papéis da Vibra Energia (VBBR3), impulsionados por relatório do Banco Safra que apontou ganho de 0,9% de participação no mercado de etanol. Além disso, a notícia de que a Inpasa adquiriu cerca de 3% da empresa também contribuiu, embora a compradora tenha negado intenção de ampliar sua fatia.
Entre os blue chips, Vale (VALE3) se valorizou acompanhando o minério de ferro na China, enquanto Petrobras (PETR3; PETR4) recuou em linha com a queda do petróleo Brent. Na ponta negativa, Engie (EGIE3) devolveu parte dos ganhos registrados no pregão anterior.
Na análise gráfica, o relatório do Itaú BBA apontou que o Ibovespa abriu caminho para buscar os 142 mil e 150 mil pontos, com suporte imediato em 138.600 pontos.
Expectativas macroeconômicas seguem como motor do mercado
Além da decisão do STF, outros fatores influenciaram o desempenho da Bolsa nos primeiros pregões de julho. Há otimismo com a possibilidade de cortes na Selic a partir de 2026, além de uma melhora nas projeções para a economia chinesa, o que tende a beneficiar empresas exportadoras listadas na B3.
Por outro lado, as negociações comerciais entre EUA e seus parceiros continuam no radar. Segundo o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, a possibilidade de novos acordos anunciados pelo governo americano preocupa especialmente a União Europeia, diante da ausência de avanços concretos.