O Banco do Brasil (BBAS3) registrou lucro líquido de R$ 7,4 bilhões no primeiro trimestre de 2025, valor 29,7% inferior ao obtido nos três meses anteriores. A instituição foi impactada por mudanças regulatórias, crescimento da inadimplência e aumento no custo do crédito.
Os dados constam no relatório financeiro divulgado em 16 de maio. O lucro por ação ficou em R$ 1,19 no período.
O custo com provisões para devedores duvidosos (PDD) somou R$ 10,2 bilhões, alta de 9,6% na comparação com o quarto trimestre de 2024. O segmento de pessoa física respondeu por R$ 4 bilhões desse total; o do agronegócio, por R$ 5,2 bilhões. A despesa equivale a 4% da carteira de crédito do banco.
Inadimplência avança em todos os segmentos
O índice de inadimplência para operações vencidas há mais de 90 dias cresceu em todas as áreas. Entre pessoas físicas, houve alta de 0,4 ponto percentual. No crédito para empresas, o avanço foi de 0,55 ponto, enquanto no agronegócio chegou a 0,59 ponto.
No agregado, o indicador NPL (Non-Performing Loan) passou de 3,3% para 3,9%. No crédito rural, o índice atingiu 3,04%. A instituição atribui parte desse aumento ao crescimento de pedidos de recuperação judicial no setor agropecuário, que representa cerca de 30% da carteira ampliada.
Programas como o FIES, voltado ao financiamento estudantil, também pressionam os índices. A inadimplência na modalidade gira em torno de 70%, segundo o banco.
Nova norma muda cálculo de provisões
O resultado trimestral também foi influenciado pela adoção da Resolução CMN 4.966/2021. A norma altera o modelo de cálculo das provisões para crédito, exigindo que os riscos sejam estimados desde a concessão — e não apenas após o atraso nas parcelas. O banco realizou ajustes nos saldos de 2024 e nas operações de 2025 para se adequar à nova exigência.
Carteira ultrapassa R$ 1,2 trilhão
A carteira de crédito total do Banco do Brasil alcançou R$ 1,22 trilhão no primeiro trimestre. Os destaques são os empréstimos e direitos creditórios, com R$ 382 bilhões; financiamentos rurais, com R$ 364 bilhões; e financiamentos diversos, com R$ 189 bilhões. O crédito imobiliário somou R$ 61 bilhões.
Apesar da retração no lucro, o índice de cobertura de inadimplência aumentou no trimestre, o que indica, segundo o banco, maior robustez na política de solvência.