A B3 passou a negociar nesta quinta-feira (28) um novo fundo de índice (ETF) atrelado ao ouro físico, que além de acompanhar a valorização do metal promete gerar dividendos mensais aos investidores. O produto, chamado AURO11, foi desenvolvido pela gestora Buena Vista Capital e tem aplicação inicial a partir de R$ 100.
O ETF replica o índice NEOSBRGI, criado pela Nasdaq, que mede o desempenho do ouro e utiliza uma estratégia conhecida como covered call. Nesse mecanismo, o fundo mantém a exposição ao metal e, ao mesmo tempo, vende opções de compra sobre o ativo. O prêmio obtido nessas negociações se converte em fluxo de caixa recorrente, que é distribuído como renda mensal.
Segundo a gestora, o AURO11 busca entregar um dividend yield — retorno apenas com proventos — entre 1% e 1,2% ao mês. A taxa de administração é de 0,98% ao ano. A tributação segue as regras de fundos de ações: alíquota única de 15% sobre o ganho de capital na venda das cotas.
Ouro em alta e papel de proteção
Tradicionalmente considerado um ativo de proteção, o ouro costuma ganhar espaço em períodos de crise, alta da inflação ou tensões geopolíticas. Em 2025, o metal acumula valorização de quase 30%, superando índices de referência como o Ibovespa (12%) e o S&P 500 (8%).
Renato Nobile, gestor da Buena Vista Capital, destaca que a resiliência do ouro foi observada em momentos como a crise de 2008, a pandemia de 2020 e os recentes choques inflacionários. “O ouro preserva poder de compra e ajuda a equilibrar carteiras, principalmente em cenários de instabilidade global”, afirma.
Riscos e limitações
Especialistas ressaltam, porém, que o investimento em ETFs envolve riscos. Pode haver descolamento em relação ao índice de referência, o que significa que o desempenho do fundo não necessariamente será idêntico ao do ouro. Outro ponto é o risco de liquidez: em determinados períodos, pode haver dificuldade na negociação das cotas.
Além disso, diferentemente de aplicações tradicionais como CDBs ou LCIs, os ETFs não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Assim, eventuais perdas não são cobertas por garantias externas.