O Ibovespa encerrou a sexta-feira (27) em queda de 0,18%, aos 136.865,79 pontos, apagando os ganhos acumulados da semana. O recuo do principal índice da B3 ocorreu em meio à crescente incerteza fiscal e à judicialização do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), em contraste com os recordes históricos registrados nos mercados de Wall Street.
A pressão sobre o mercado local foi intensificada após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizar que acionará o Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Congresso Nacional que revogou um decreto presidencial. A medida previa o aumento das alíquotas do IOF, com o objetivo de ampliar a arrecadação e ajudar no equilíbrio das contas públicas.
No câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,29%, cotado a R$ 5,4829. Na semana, a moeda norte-americana acumulou desvalorização de 0,76% frente ao real, refletindo um cenário de relativa estabilidade no curto prazo.
Dados econômicos e reação do mercado
Apesar do destaque para a pauta fiscal, o mercado também repercutiu indicadores do mercado de trabalho. A taxa de desemprego no Brasil caiu para 6,2% no trimestre encerrado em maio, atingindo o menor nível desde o fim de 2023. No entanto, o resultado ficou abaixo das projeções de analistas consultados pela Reuters, que esperavam taxa de 6,4%. Mesmo com o crescimento do número de carteiras assinadas, a leitura menos otimista dos dados pode impactar o consumo e o desempenho econômico nos próximos meses.
A Engie (EGIE3) liderou os ganhos do dia no Ibovespa, impulsionada por análises positivas do Citi, que vê alívio no cenário de restrições para geradores de energia renovável. A expectativa de aumento na exportação de energia do Nordeste para outras regiões também favoreceu a ação.
Por outro lado, a Vamos (VAMO3) foi destaque negativo, ainda refletindo a possível redução do IPI sobre veículos novos. A Petrobras (PETR3; PETR4) também fechou em queda, devolvendo parte dos ganhos recentes. Os bancos recuaram em bloco.
Commodities e pesos-pesados
As ações da Vale (VALE3) ajudaram a limitar as perdas do índice. A valorização de 2% no contrato de minério de ferro na Bolsa de Dalian, cotado a 716,50 yuans (US$ 99,96), foi favorecida pelo avanço nos acordos comerciais entre Estados Unidos e China, refletindo positivamente sobre a mineradora.
Na semana, a Engie teve a melhor performance do Ibovespa, com alta superior a 12%, enquanto a Brava Energia (BRAV3) liderou as quedas, impactada pela baixa no preço internacional do petróleo Brent.
Bolsas internacionais em alta
Nos Estados Unidos, os principais índices de Wall Street renovaram máximas históricas, sustentados pelo otimismo com a recuperação econômica e o progresso em negociações comerciais. O Dow Jones subiu 1%, aos 43.819,27 pontos. O S&P 500 e o Nasdaq avançaram 0,52%, alcançando, respectivamente, 6.173,07 e 20.273,46 pontos — ambos em níveis recordes.
Durante o dia, o ex-presidente Donald Trump afirmou que o prazo para acordos tarifários, previsto para 9 de julho, “não é uma data fixa”, ao mesmo tempo em que anunciou a suspensão das negociações com o Canadá.
Na Ásia, o desempenho foi misto. O índice Nikkei, do Japão, subiu 1,42%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,17%. O Banco do Povo da China (PBoC) indicou que vai estimular o crédito e reduzir custos de financiamento como parte de sua política de incentivo à economia.
Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 avançou 1,14%, aos 543,63 pontos, impulsionado pelo setor bancário.
Perspectiva para os investidores
O cenário fiscal brasileiro, aliado à volatilidade externa e à movimentação das commodities, reforça a cautela dos investidores. Em meio à busca por estabilidade, ações de empresas com histórico consistente de pagamento de dividendos podem se tornar alternativas atrativas para composição de carteiras defensivas.