A indústria brasileira gerou 910,9 mil novos postos de trabalho entre 2019 e 2023, registrando uma expansão de 12% no total de pessoas ocupadas no setor. Os dados são da Pesquisa Industrial Anual, divulgada nesta quarta-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o crescimento, o contingente de trabalhadores na indústria chegou a 8,5 milhões, distribuídos em 376,7 mil empresas em todo o país.
Apesar da recuperação recente, o número de empregados em 2023 ainda é 3,1% inferior ao de 2014, o que representa uma redução de 272,8 mil postos de trabalho ao longo de dez anos. A pesquisa também indica que o nível médio de remuneração mensal no setor se manteve em 3,1 salários mínimos, abaixo dos 3,5 salários mínimos registrados em 2014.
Alimentos lideram geração de empregos industriais
A análise por segmento revela que a fabricação de produtos alimentícios liderou tanto em volume de contratações quanto em expansão da força de trabalho. De 2019 a 2023, o ramo adicionou 373,8 mil novos empregos, totalizando 2 milhões de trabalhadores — o equivalente a 23,6% de toda a mão de obra industrial.
Segundo o analista do IBGE, Marcelo Miranda, embora a pesquisa não investigue diretamente os motivos das variações, fatores como demanda interna aquecida e crescimento das exportações podem explicar o desempenho do setor alimentício. “É uma área de peso estrutural na indústria brasileira. Carne bovina, por exemplo, figura entre os principais produtos”, destaca.
Desigualdade entre setores e médias salariais
A pesquisa revela disparidades significativas entre os diferentes segmentos da indústria. Enquanto a média geral de empregados por empresa é de 23 trabalhadores, setores como o de coque, derivados de petróleo e biocombustíveis registram média de 436 funcionários por companhia. Já na extração de minerais metálicos, o número médio é de 262.
A remuneração também varia conforme o ramo de atuação. Embora a média nacional permaneça estável em relação a 2019 e 2022, setores como a indústria extrativa apresentam ganhos superiores. É importante observar que os valores não são corrigidos pela inflação e, por isso, são comparados com base no salário mínimo de cada ano.
Receita e contribuição ao PIB
Em 2023, o setor industrial brasileiro registrou R$ 6,45 trilhões em receita líquida de vendas, sendo que 67,9% desse montante vieram de empresas com 500 ou mais empregados. O valor de transformação industrial — indicador que mede a contribuição da indústria ao Produto Interno Bruto (PIB) — alcançou R$ 2,4 trilhões.
A indústria de alimentos também lidera nesse quesito, respondendo por 16,8% do total. Em seguida vêm a extração de petróleo e gás natural (11,5%), a fabricação de derivados de petróleo (11,2%), produtos químicos (6,7%) e veículos automotores (5,7%). Em uma década, a participação da produção de petróleo quase dobrou, enquanto o setor automotivo perdeu espaço.
Panorama regional: São Paulo mantém liderança
A Região Sudeste concentrou 60,9% do valor de transformação industrial em 2023, com destaque para o estado de São Paulo, responsável sozinho por cerca de um terço do PIB industrial brasileiro. As regiões Sul (18,7%), Nordeste (8,2%), Norte (6,2%) e Centro-Oeste (6,1%) completam o cenário.
Em 18 das 27 unidades da federação, a fabricação de alimentos apareceu como principal atividade industrial em termos de contribuição para o PIB, consolidando seu protagonismo.
Perspectivas e investimentos
De acordo com o IBGE, a atividade industrial avançou 2,4% nos últimos 12 meses, com destaque para os estados do Pará (9%), Santa Catarina (7,4%) e Paraná (5,6%). O governo federal também anunciou, em maio, uma linha de R$ 10 bilhões em crédito para empresas com projetos na Região Nordeste. Os recursos são destinados a investimentos com orçamento superior a R$ 10 milhões, mediante apresentação de planos de negócio até 15 de setembro de 2025.
Com crescimento no número de empregos, expansão regional e destaque de setores estratégicos, a indústria brasileira se mostra um pilar cada vez mais relevante na economia nacional — abrindo oportunidades tanto para investidores quanto para empreendedores atentos às tendências de mercado.