A inflação da zona do euro alcançou 2,0% em junho, atingindo a meta estipulada pelo Banco Central Europeu (BCE) e encerrando um ciclo de instabilidade de preços que marcou os últimos anos. O dado, divulgado nesta segunda-feira (1º), confirma as previsões do mercado e reposiciona o foco das autoridades monetárias: agora, o desafio passa a ser o crescimento econômico enfraquecido e os impactos de disputas comerciais internacionais.
De acordo com a estimativa preliminar, o índice anual de preços ao consumidor subiu ligeiramente em relação ao mês anterior, quando registrava 1,9%. A inflação subjacente — que desconsidera componentes voláteis como alimentos e energia — manteve-se em 2,3%, também em linha com as expectativas dos analistas consultados pela Reuters.
Com a inflação dentro da meta, o BCE estuda a possibilidade de novos cortes nas taxas de juros. A autoridade monetária já reduziu os juros em dois pontos percentuais ao longo dos últimos doze meses, e os mercados projetam mais um corte, para 1,75%. A expectativa é de que esse patamar seja mantido até meados de 2026, antes de possíveis ajustes para cima.
O comportamento dos preços no setor de serviços continua a ser um ponto de atenção. Em junho, a inflação desse segmento avançou de 3,2% para 3,3%, com alta mensal de 0,7%. O movimento reforça os sinais de pressão inflacionária interna, ainda que moderada, e levanta preocupações sobre a possibilidade de a inflação ultrapassar novamente o limite estabelecido pelo BCE.
Além do cenário doméstico, fatores geopolíticos pesam sobre as decisões econômicas. A atual disputa comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos, liderada pelo governo de Donald Trump, afeta a confiança dos mercados, valoriza o euro e contribui para a redução dos preços da energia, com efeitos indiretos sobre a inflação.