O Brasil deve registrar, em 2025, a maior safra de sua história, com 340,5 milhões de toneladas de grãos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço de 16,3% em relação a 2024, equivalente a 47,7 milhões de toneladas adicionais, é acompanhado por um desempenho inédito nas exportações do agronegócio: US$ 15,6 bilhões em julho, o maior valor já obtido para o mês.
Produção concentrada em soja, milho e arroz
A estimativa do IBGE indica que soja, milho e arroz devem responder por 92,7% da produção nacional. A soja lidera, com 165,5 milhões de toneladas, seguida pelo milho, que somará 137,6 milhões — 26,2 milhões na primeira safra e 111,4 milhões na segunda — e pelo arroz, com 12,5 milhões. O algodão herbáceo em caroço deve alcançar 9,5 milhões de toneladas.
Outros cultivos também terão alta: sorgo (4,9 milhões de toneladas), feijão (3,1 milhões) e cereais de inverno, como trigo (7,7 milhões), aveia (1,3 milhão) e cevada (549,3 mil).
Expansão regional e estadual
O Centro-Oeste concentra mais da metade da produção (51,5%), com destaque para o Mato Grosso, responsável por 32,4% do total. Na sequência estão Paraná (13,4%), Goiás (11,4%), Rio Grande do Sul (9,5%), Mato Grosso do Sul (7,5%) e Minas Gerais (5,6%). Juntos, esses estados respondem por quase 80% da safra nacional.
O aumento da produção é atribuído tanto à expansão da área cultivada — 81,2 milhões de hectares, alta de 2,7% — quanto a incrementos pontuais de produtividade. Segundo o economista Guidi Nunes, do Conselho Regional de Economia (Corecon), a rentabilidade média estimada de 2,3% ao ano é considerada baixa, devido à queda nos preços das commodities e à elevação dos custos com insumos agrícolas. Ele sugere maior adoção de insumos biológicos como alternativa para reduzir gastos e melhorar margens.
Exportações registram desempenho histórico
Paralelamente ao crescimento da produção, o agronegócio brasileiro registrou exportações recordes em julho de 2025. Os embarques somaram US$ 15,6 bilhões, alta de 1,5% sobre o mesmo mês de 2024. O superávit comercial do setor alcançou US$ 14 bilhões, impulsionado pelo aumento no volume exportado e pela valorização de produtos no mercado internacional.
As exportações de carne bovina in natura renderam US$ 1,726 bilhão, 48,4% acima do registrado em julho de 2024, com volume recorde de 366,9 mil toneladas. A celulose também teve desempenho expressivo, com quase 1,91 milhão de toneladas embarcadas, favorecida pela demanda externa.
Café mantém relevância mesmo com menor volume
O café brasileiro registrou queda de 27,6% no volume exportado em julho, totalizando 2,73 milhões de sacas de 60 kg. Apesar disso, a receita subiu 10,4%, chegando a US$ 1,033 bilhão. O resultado foi impulsionado pela menor oferta global e pela demanda por grãos de maior qualidade, especialmente nos mercados de Estados Unidos, Europa e Japão.
Mercados estratégicos e perspectivas
Entre janeiro e julho, as exportações para os Estados Unidos somaram US$ 23,7 bilhões, alta de 4,2% frente ao mesmo período de 2024. Para especialistas, a combinação de valorização das commodities, diversificação de destinos e estabilidade na oferta é fundamental para sustentar o crescimento do agronegócio brasileiro nos próximos meses.