O uso da poupança para pagar despesas do dia a dia alcançou 14% dos consumidores em novembro, segundo a Sondagem do Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). O índice considera a média móvel trimestral. O resultado ficou próximo da faixa classificada pela FGV como “muito alta”, que começa em 14,3%.
FGV aponta sinal de alerta no comportamento das famílias
Os dados mostram leve melhora frente a outubro, quando o percentual foi de 14,2%. Ainda assim, a FGV considera que o nível segue elevado pelo segundo mês seguido. Conforme o instituto, usar a poupança para cobrir gastos básicos — como contas de luz, água e alimentação — indica perda de fôlego financeiro das famílias.
A economista Anna Carolina Gouveia, do Ibre/FGV, afirma que o movimento acende um sinal de alerta. Ela explica que o indicador tem piorado desde o início do segundo semestre. Além disso, lembra que a combinação de endividamento alto, inadimplência elevada e juros básicos de 15% ao ano encarece o custo das dívidas e pressiona o orçamento.
Confiança do consumidor mostra fôlego curto
O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) subiu 1,3 ponto em novembro, alcançando 89,8 pontos, o maior nível desde dezembro de 2024. Apesar disso, Gouveia avalia que a melhora tende a ser temporária. Segundo ela, a inflação mais baixa e o mercado de trabalho aquecido têm sustentado a percepção positiva, porém o cenário pode perder força já no início de 2026.
O Índice de Situação Atual (ISA) avançou 1,8 ponto, para 84,8 pontos, maior marca desde 2014. Já o Índice de Expectativas (IE) aumentou 1 ponto, para 93,8 pontos.
Endividamento atinge recorde histórico, diz CNC
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) registrou em outubro 79,5% das famílias endividadas, o maior patamar desde 2010. A inadimplência permaneceu em 30,5%, repetindo o recorde de setembro. Além disso, 13,2% das famílias afirmaram não ter condições de regularizar débitos em atraso.
Para o economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, o avanço do emprego não tem compensado o impacto dos juros altos. Ele afirma que o varejo já sente a desaceleração das vendas. A CNC projeta que o endividamento encerre o ano 3,3 pontos percentuais acima do nível de 2024, enquanto a inadimplência deve subir 1,5 ponto.






























