(Por redação do Cash Post, publicado em 18 de maio de 2025 às 19:43)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu neste sábado (17) a coleta de dados técnicos sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial, região que se estende do Rio Grande do Norte ao Amapá. Em entrevista à GloboNews, Haddad ponderou, no entanto, que eventuais descobertas de petróleo na área não podem comprometer os esforços do Brasil na transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável.
“Eu sou a favor da pesquisa, acho que nós temos que fazer, temos que conferir o que tem lá. Agora, o petróleo que eventualmente possa estar lá não pode ser pretexto para nós atrasarmos a nossa transição”, afirmou o ministro.
A Foz do Amazonas, localizada no extremo norte da costa brasileira, é apontada como o trecho mais promissor da Margem Equatorial. A área, que ainda é pouco explorada, atrai atenção pelo seu potencial para abrigar grandes reservas, mas também levanta alertas devido à sua complexidade ambiental e aos impactos que uma eventual atividade exploratória pode gerar em comunidades locais e biomas sensíveis.
Disputa interna no governo e pressão internacional
A posição de Haddad ocorre em um momento em que o governo federal se vê diante de uma encruzilhada energética. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado apoio à ampliação das fronteiras de exploração, diante da ausência de grandes descobertas no setor petrolífero nacional nos últimos anos. No entanto, alas do próprio governo — especialmente ligadas ao meio ambiente e à diplomacia climática — expressam preocupação com os riscos de abrir novas áreas em regiões sensíveis, como a Margem Equatorial.
O cenário internacional também pressiona. Líderes mundiais e entidades ambientais cobram ações concretas dos países emergentes para acelerar a transição energética e cumprir metas climáticas, como as definidas no Acordo de Paris.
Estratégia energética e papel do Brasil
Haddad reiterou que o Brasil precisa reduzir gradualmente sua dependência do petróleo e investir em fontes alternativas. Segundo ele, essa transição não só é viável como já está em curso. “O Brasil lidera esse processo há décadas”, disse, ao destacar os avanços históricos do país em bioenergia e energias renováveis.
Para especialistas, a declaração do ministro sinaliza uma tentativa de conciliar interesses econômicos e ambientais, em um debate que tende a se intensificar nos próximos meses. A viabilidade de exploração na Margem Equatorial ainda depende de autorizações, estudos ambientais e consultas públicas.
Enquanto isso, o governo busca construir um caminho que permita explorar o potencial energético nacional sem comprometer seus compromissos ambientais. As decisões tomadas nesse contexto poderão moldar o futuro da matriz energética brasileira pelas próximas décadas.