As exportações brasileiras de carne de frango podem ganhar novo impulso nas próximas semanas, após o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) descartar a presença de gripe aviária de alta patogenicidade em uma granja comercial de Santa Catarina e em outro foco suspeito no Tocantins. Apesar do alívio, as ações das principais companhias do setor fecharam em queda nesta segunda-feira (26), refletindo a cautela do mercado.
Segundo dados da B3, os papéis da JBS (JBSS3) recuaram 3,63%, cotados a R$ 39,26. Minerva (BEEF3) e BRF (BRFS3) também apresentaram retrações de 2,51% e 0,51%, respectivamente. A Marfrig (MRFG3), por outro lado, registrou leve alta de 1,09%, encerrando o dia a R$ 25,11.
Os resultados negativos em Santa Catarina e Tocantins representam um alívio estratégico para o setor, que ainda lida com os efeitos do primeiro caso confirmado da doença em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde essa confirmação, 23 países suspenderam total ou parcialmente as importações da proteína brasileira, entre eles China, México, Filipinas, Coreia do Sul e África do Sul — mercados que, juntos, representaram 43% das exportações em 2024, segundo o Bradesco BBI.
Vazio sanitário pode reclassificar Brasil como livre da doença
A atenção agora está voltada para o período de 28 dias de vazio sanitário iniciado em Montenegro no dia 21 de maio, após finalizadas as ações de limpeza e desinfecção no local do foco. Caso nenhum novo caso seja registrado até o fim do prazo, o Brasil poderá reaver o status de país livre de influenza aviária de alta patogenicidade.
A perspectiva é considerada positiva por analistas do Bradesco BBI, que veem nas recentes conclusões do Mapa um passo relevante rumo à normalização das exportações, ainda que gradual. A expectativa do setor está centrada na flexibilização das restrições por parte dos países compradores, com possível regionalização dos embargos.
Regionalização das restrições pode limitar impacto
A Coreia do Sul já sinalizou intenção de regionalizar as restrições, concentrando-as no estado do Rio Grande do Sul ou, mais especificamente, em Montenegro. Há precedentes favoráveis: países como Arábia Saudita, Japão e Emirados Árabes Unidos optaram desde o início por sanções limitadas geograficamente, permitindo que os frigoríficos brasileiros redirecionassem a produção para outras regiões e mantivessem parte das exportações ativas.
Segundo o Mapa, os dois principais polos avícolas do Brasil — Paraná (43% da produção) e Santa Catarina (21%) — permanecem fora do raio de investigação e sem novas suspeitas em andamento.
Empresas com estrutura diversificada mantêm atratividade
Entre as empresas listadas, a JBS segue como destaque na análise do Bradesco BBI, que mantém recomendação positiva para os papéis da companhia. O banco cita a diversificação geográfica e operacional da JBS como fator de resiliência, especialmente diante das restrições comerciais. A recente aprovação para listagem das ações da empresa nos Estados Unidos também reforça seu posicionamento no mercado internacional.
Expectativa é de recuperação gradual
Embora o mercado financeiro tenha reagido com pessimismo no curto prazo, o setor de proteína animal aguarda uma possível retomada no ritmo das exportações, dependendo da confirmação sanitária no Rio Grande do Sul e das decisões dos países importadores. A combinação entre transparência nas informações, cumprimento dos protocolos sanitários e reações diplomáticas estratégicas será decisiva para a recomposição da confiança internacional.