A Natura (NATU3) está em busca de uma proposta considerada estratégica para avançar na separação da operação internacional da Avon. A decisão de alienar esse segmento, que compreende os mercados fora da América Latina, já foi tomada pela companhia, que agora aguarda um movimento de mercado para dar sequência ao processo.
A confirmação foi feita nesta semana por Josie Romero, vice-presidente de operações da Natura, durante o Investor Day realizado na segunda-feira (30). Segundo a executiva, a empresa constituiu um time interno dedicado ao tema, que atua em conjunto com consultores financeiros para viabilizar a transação. “Existe urgência, não há a menor dúvida disso”, afirmou Romero, ressaltando que o grupo está preparado para agir assim que surgir uma proposta viável.
A medida faz parte do plano estratégico anunciado pela companhia, que foca na simplificação da estrutura, concentração de esforços na América Latina e no fortalecimento da marca Natura como principal motor de crescimento.
Nova fase com código NATU3 e foco na eficiência operacional
Na quarta-feira (2), a empresa iniciou uma nova fase ao estrear o ticker NATU3 na B3, concluindo a incorporação da holding Natura&Co pela Natura Cosméticos. A mudança ocorreu com a conversão automática dos papéis NTCO3, e marca a entrada da companhia no Novo Mercado, segmento que exige os mais altos padrões de governança corporativa da bolsa brasileira.
Além da reestruturação societária, foram canceladas mais de 16 milhões de ações em tesouraria, e a empresa reforçou o compromisso com eficiência operacional e crescimento sustentável. A chamada “Onda 2”, processo de integração entre Natura e Avon nos mercados hispânicos, segue em andamento em países como México e Argentina.
Avaliação do mercado: foco no core business e retorno às origens
O reposicionamento estratégico da Natura foi bem recebido por parte do mercado. Relatórios de casas como XP Investimentos, Itaú BBA e Bradesco BBI apontam que o foco na América Latina e na marca Natura é uma decisão acertada para geração de valor nos próximos ciclos.
Segundo análise da XP, assinada por Danniela Eiger e Laryssa Sumer, a companhia demonstra intenção clara de retornar às origens, com foco em margens mais robustas, inovação e disciplina financeira. O Bradesco BBI também reiterou recomendação outperform, destacando oportunidades em canais digitais e otimização do capital de giro.
O Itaú BBA, por sua vez, reforçou o preço-alvo de R$ 14 para os papéis da Natura, apostando na melhoria da rentabilidade nas operações hispânicas — apesar dos desafios persistentes, especialmente no México, onde a marca ainda tem penetração limitada em comparação ao Brasil.
A margem Ebitda nos países hispânicos é de apenas 2,8%, enquanto no mercado brasileiro atinge 21,5%, segundo os analistas. A expectativa é de que a empresa consiga melhorar essa relação à medida que avança na integração e racionalização de custos.