A redução de impostos sobre exportações de trigo na Argentina foi prorrogada até março de 2026, conforme anúncio feito pelo ministro da Economia, Luis Caputo, nesta terça-feira (20). A medida, que encerraria no fim de junho, foi estendida para manter a alíquota de 9,5% sobre o trigo e a cevada, em um momento estratégico: o início do plantio da nova safra. A decisão atende a pedidos de agricultores e exportadores, que pressionavam por maior previsibilidade tributária.
Contudo, o governo descartou a continuidade de benefícios fiscais para outras culturas relevantes, como soja, milho, girassol e sorgo. Com isso, os tributos sobre esses produtos voltarão a subir a partir do fim do próximo mês. O imposto sobre as exportações de soja, por exemplo, será reajustado de 26% para 33%, enquanto derivados como óleo e farelo passarão de 24,5% para 31%.
A medida busca garantir estímulo ao setor tritícola, mas acende alertas no restante do agronegócio argentino. O milho, que atualmente também conta com taxa reduzida de 9,5%, será novamente tributado em 12%. O governo argumenta que a extensão do benefício ao trigo se justifica por se tratar de um momento-chave da safra, enquanto os demais grãos seguem sob reavaliação fiscal.
A Argentina ocupa papel estratégico no comércio global de commodities agrícolas. É o maior exportador mundial de óleo e farelo de soja e o terceiro maior em soja em grão. Esses produtos representam a principal fonte de divisas do país e são essenciais para o equilíbrio da balança comercial.
Especialistas do setor afirmam que o aumento dos impostos pode reduzir a competitividade dos produtos argentinos no mercado internacional, ao mesmo tempo em que favorece países concorrentes, como Brasil e Estados Unidos. Representantes de associações agrícolas criticaram a medida e alertaram para possíveis quedas no volume exportado nos próximos trimestres.
A decisão do governo expõe o dilema entre manter a arrecadação fiscal e preservar a atratividade do setor agrícola — um dos pilares da economia argentina. Embora a extensão da alíquota reduzida para o trigo represente alívio para uma parte do campo, a elevação dos tributos para as demais culturas reacende o debate sobre uma reforma tributária mais ampla e sustentável.