As exportações de carne de frango para a China podem ser retomadas antes do prazo mínimo de 60 dias, estipulado após a confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja localizada em Montenegro (RS). A possibilidade foi levantada neste sábado (17) pelo ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, durante reunião com autoridades e representantes do setor avícola no Paraná.
Segundo o ministro, o governo brasileiro trabalha junto às autoridades chinesas para restringir a suspensão apenas à área afetada, acelerando a normalização das vendas externas. “Se as ações sanitárias forem rigorosamente seguidas, o risco poderá ser eliminado em cerca de 28 dias”, afirmou Fávaro.
A suspensão atual segue protocolo sanitário firmado entre Brasil e China. No entanto, o Ministério da Agricultura busca flexibilizar o acordo, com base nas ações de contenção já realizadas e na capacidade do país em monitorar a cadeia produtiva.
Isolamento e rastreabilidade
Após a detecção do vírus, a granja afetada foi isolada pelas autoridades sanitárias. A rastreabilidade dos animais está em curso, com apoio técnico da Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul. Como medida preventiva adicional, o governo de Minas Gerais descartou 450 toneladas de ovos fecundados oriundos da mesma região, reforçando o compromisso com a segurança sanitária.
Fávaro também destacou a importância de ações coordenadas em estados produtores, especialmente no Paraná, responsável por 35% da produção nacional de carne de frango e por 42% das exportações brasileiras do produto. A região é considerada estratégica nas tratativas com os importadores.
Medidas preventivas e impacto econômico
Durante o encontro com técnicos e lideranças do agronegócio paranaense, o ministro ressaltou a urgência na adoção de práticas rigorosas de biosseguridade por parte das cerca de 20 mil granjas existentes no estado. Entre as orientações estão o controle de acesso às propriedades e a instalação de barreiras físicas contra entrada de animais silvestres ou não autorizados.
As ações visam manter a reputação sanitária do Brasil no comércio internacional e garantir a continuidade dos embarques para mercados exigentes, como o chinês. A gripe aviária, embora sob controle, representa risco significativo às exportações e pode impactar diretamente os preços e a renda do setor avícola.
Próximos passos
As negociações diplomáticas com Pequim continuam, e o Ministério da Agricultura pretende apresentar relatórios técnicos que comprovem a efetividade das medidas adotadas no país. A expectativa é de que, com o respaldo técnico e a transparência do processo, a China aceite restringir a suspensão à zona de ocorrência, como já ocorre em acordos com outros países.