A confiança dos empresários da indústria brasileira recuou novamente em agosto, marcando o oitavo mês consecutivo abaixo do patamar considerado positivo, segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta quarta-feira (13).
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) caiu para 46,1 pontos, baixa de 1,2 ponto em relação a julho. Pela metodologia da CNI, valores acima de 50 indicam otimismo; abaixo desse nível, prevalece a percepção negativa sobre a economia e as próprias empresas.
Projeções mais fracas e cenário externo incerto
A queda foi puxada, principalmente, pelo recuo nas expectativas para os próximos meses. O Índice de Expectativas — que mede a visão dos empresários sobre o futuro — passou de 49,7 para 47,8 pontos, acumulando dois meses seguidos em terreno negativo, após mais de dois anos de resultados positivos.
Segundo Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI, a combinação de juros elevados desde o fim de 2024 e um agravamento nas incertezas globais tem pressionado a confiança.
“O aumento das taxas de juros no final do ano passado contaminou tanto as expectativas quanto a avaliação das condições de negócio. Em agosto, o quadro foi agravado por um ambiente externo mais instável, que ampliou a incerteza”, afirmou.
Para o economista Hugo Leonard, o cenário indica um pessimismo mais enraizado no setor.
“O fato de a confiança estar abaixo de 50 pontos há oito meses mostra que não se trata de uma oscilação momentânea. Isso pode significar menos contratações, cortes na produção e adiamento de investimentos”, avaliou.
Condições atuais seguem desfavoráveis
O Índice de Condições Atuais, que avalia o momento presente, oscilou de 42,4 para 42,6 pontos, mantendo sinal negativo. José Augusto Almeida, sócio da consultoria Rock Mais, destaca que essa percepção já afeta decisões estratégicas das empresas.
“Quando a confiança fica baixa por meses, companhias tendem a adiar investimentos e desacelerar contratações. Esse movimento impacta fornecedores, reduz demanda por insumos e pressiona cadeias produtivas”, disse.
Metodologia
O ICEI é calculado mensalmente pela CNI. Na pesquisa de agosto, foram ouvidas 1.177 empresas — 474 de pequeno porte, 423 médias e 280 grandes — entre 1º e 7 de agosto de 2025.