Os gastos públicos dos governos federal, estaduais e municipais ultrapassaram R$ 3 trilhões em 2025. O valor foi registrado nesta semana pelo painel Gasto Brasil, ferramenta de monitoramento mantida pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) em parceria com a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB).
A cifra representa um crescimento acelerado das despesas públicas e já supera a arrecadação do mesmo período, estimada em R$ 2,3 trilhões. O desequilíbrio resulta em um déficit fiscal de R$ 700 bilhões, segundo os organizadores da plataforma.
O Gasto Brasil contabiliza, em tempo real, as despesas primárias dos entes federativos. O objetivo é ampliar a transparência sobre o uso dos recursos públicos. A ferramenta está disponível na internet e em painéis físicos instalados em São Paulo e Salvador.
“Mostramos para onde vai o dinheiro público. O problema é que ele está indo mal”, disse Alfredo Cotait, presidente da CACB. “O déficit de R$ 700 bilhões pressiona a necessidade de mais impostos, juros altos e afasta investimentos.”
A elevação do gasto preocupa especialistas. Para o economista Cesar Lima, o crescimento das despesas reforça a percepção de má alocação de recursos. Ele afirma que dois terços do total gasto são com a Previdência Social, o que reacende o debate sobre uma possível nova reforma no setor.
“Há muito gasto e pouco retorno. A qualidade dos serviços públicos não acompanha o volume de despesas”, afirmou.
Segundo dados da Instituição Fiscal Independente (IFI), mesmo com o novo arcabouço fiscal, o governo federal deve encerrar 2025 com déficit primário superior a R$ 80 bilhões. Para 2026, a estimativa é de um novo rombo de R$ 79 bilhões.
Reforma administrativa volta à pauta
O avanço das despesas pressiona o debate sobre a reforma administrativa, que deve voltar à pauta no segundo semestre. O relator da proposta é o deputado Pedro Paulo (PSD-RJ). O projeto prevê medidas como digitalização de serviços, avaliação de desempenho de servidores e unificação de carreiras.
“Não é mais aceitável que reformas fiquem paradas por pressões corporativas. Um Estado mais eficiente é condição para a competitividade do país”, afirmou Cotait.
O Gasto Brasil foi criado com base no modelo do Impostômetro, lançado há 20 anos. A proposta é permitir que o cidadão acompanhe a evolução das despesas públicas com base em dados oficiais. A plataforma pode ser acessada no site www.gastobrasil.com.br.