A inteligência artificial (IA) já mostra impacto direto nos negócios no Brasil. Segundo levantamento encomendado pela Amazon Web Services (AWS), 95% das empresas brasileiras que adotaram a tecnologia registraram aumento médio de 31% no faturamento. O estudo, intitulado “Desbloqueando o potencial da IA no Brasil”, também aponta ganhos de produtividade em 96% das companhias entrevistadas.
Além da melhoria nos resultados financeiros, a pesquisa indica outros efeitos positivos da IA no ambiente corporativo: aprimoramento no atendimento ao cliente (66%), maior investimento em capacitação de funcionários (59%) e desenvolvimento de novos produtos e serviços (56%).
Debate sobre regulação da IA avança no Congresso
O crescimento do uso de inteligência artificial ocorre em paralelo às discussões no Congresso sobre um marco regulatório para a tecnologia. O Projeto de Lei 2.338/2023, já aprovado no Senado e em fase de audiências públicas na Câmara, estabelece diretrizes para o desenvolvimento e a aplicação ética da IA no país.
O relator da proposta na comissão especial, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), defende que a legislação busque equilíbrio e foco no uso responsável. “Não regular a tecnologia em si, porque ela sempre estará à frente. O desafio é definir como usá-la para o bem”, afirmou.
A deputada Luísa Canziani (PSD-PR), presidente da comissão, reforça a necessidade de o Brasil avançar na inovação. “Nosso país consome muita tecnologia, mas desenvolve pouca. É essencial que não fiquemos fora do mapa global da inteligência artificial”, disse.
Setor produtivo pede regras que estimulem a indústria
Representantes da indústria defendem que a regulação da IA deve incentivar, e não restringir, a competitividade. Para Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a legislação precisa ser vista como ponte e não como barreira.
“Regular os usos da tecnologia é fundamental, mas sem criar obstáculos para o setor produtivo. A indústria representa 10,5 milhões de empregos e 35% da arrecadação nacional. Uma lei que engesse o setor pode comprometer escolas, hospitais e serviços que dependem dessa arrecadação”, afirmou.
Muniz acrescentou que a definição de regras claras pode colocar o Brasil em posição estratégica na economia global. “Estamos escolhendo se vamos ocupar um espaço nesse futuro irreversível ou se ficaremos, mais uma vez, atrasados por décadas de indefinição”, destacou.