O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira (10), influenciado pelo desempenho positivo das ações da Petrobras e pela divulgação do IPCA de maio, que veio abaixo das expectativas do mercado. O principal índice da B3 avançou 0,54%, encerrando o pregão aos 136.436,07 pontos, com volume financeiro de R$ 20,65 bilhões.
A valorização do índice refletiu o alívio dos investidores com o dado de inflação divulgado pelo IBGE no início do dia. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,26% em maio, abaixo da projeção de 0,33%. Em 12 meses, o indicador desacelerou de 5,53% para 5,32%, aumentando a probabilidade de o Comitê de Política Monetária (Copom) manter a Selic estável na próxima reunião, atualmente fixada em 14,75% ao ano.
As ações da Petrobras tiveram papel central no desempenho do Ibovespa. Os papéis preferenciais da estatal (PETR4) avançaram 3,02%, enquanto os ordinários (PETR3) subiram 3,65%, revertendo parte das perdas acumuladas no início do mês. Apesar disso, o barril do petróleo Brent recuou 0,25% no mercado internacional.
Ações em destaque e cenário doméstico
Outros papéis também registraram ganhos relevantes. A VAMOS (VAMO3) subiu 5,88%, beneficiada pela queda nas taxas futuras de juros. MINERVA (BEEF3) valorizou-se 3,03%, acompanhada por BRF (BRFS3) com 2,43% e MARFRIG (MRFG3) com 1,31%, em um dia positivo para o setor de proteínas. VALE (VALE3), por sua vez, fechou em alta de 0,68%, mesmo diante do recuo de 0,85% nos contratos futuros de minério de ferro na China.
No setor bancário, o Banco do Brasil (BBAS3) recuou 0,87%, refletindo um relatório do Itaú BBA que revisou para baixo as projeções de resultados da instituição para 2025 e 2026. Bradesco (BBDC4) caiu 0,06%, Itaú Unibanco (ITUB4) cedeu 0,29%, enquanto Santander (SANB11) subiu levemente, com alta de 0,28%.
O mercado também repercute o anúncio de um novo pacote fiscal do governo federal, que inclui proposta de alíquota única de 17,5% de Imposto de Renda sobre rendimentos de aplicações financeiras e aumento da tributação sobre Juros sobre Capital Próprio (JCP), de 15% para 20%. As medidas visam compensar a redução nas alíquotas do IOF, mas ainda geram incertezas no curto prazo.
Dólar sobe com cautela sobre política fiscal e cenário externo
Na contramão do Ibovespa, o dólar comercial registrou alta de 0,11%, encerrando o dia cotado a R$ 5,5689. A valorização da moeda norte-americana foi impulsionada pela cautela dos investidores quanto à eficácia do pacote fiscal e pela ausência de detalhes sobre cortes de gastos públicos.
No mercado futuro, o dólar para julho subia 0,16%, negociado a R$ 5,5940 por volta das 17h. O dólar turismo encerrou o dia cotado a R$ 5,595 na venda e R$ 5,775 na compra.
Além das incertezas internas, o ambiente internacional contribuiu para o comportamento defensivo dos investidores. As negociações comerciais entre Estados Unidos e China seguem sem avanços definitivos, especialmente em temas como exportações de semicondutores, tarifas e acesso a minerais estratégicos. Segundo o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, os diálogos continuam, mas ainda sem resoluções concretas.
Expectativas para a Selic e próximos movimentos do mercado
Com o IPCA abaixo das projeções, aumentam as apostas de que o Banco Central possa interromper o ciclo de alta da Selic já na próxima reunião. Dados da curva futura de juros indicam que 76% do mercado acredita em manutenção da taxa, enquanto 24% ainda projetam uma elevação de 0,25 ponto percentual.
Em meio às incertezas fiscais e à volatilidade externa, analistas recomendam cautela e atenção aos próximos anúncios do governo e aos desdobramentos das relações comerciais entre as maiores economias do mundo. O comportamento do dólar, a reação da curva de juros e os dados de inflação devem seguir no radar dos investidores nos próximos dias.