Quase metade das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras enfrenta dificuldades para conseguir crédito no mercado formal, em meio a juros elevados e exigências rígidas de garantias. A constatação vem de uma pesquisa realizada pela Serasa Experian entre abril e maio deste ano com mais de 500 empreendedores de diferentes regiões do país.
Segundo o levantamento, 45% dos empresários relataram entraves na obtenção de financiamento, o que compromete tanto a manutenção quanto o crescimento dos negócios. As PMEs representam mais de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil e são responsáveis por aproximadamente 55% dos empregos formais, de acordo com dados do Sebrae.
Juros altos e burocracia lideram os entraves
Entre os principais obstáculos citados, as taxas de juros elevadas foram apontadas por 54% dos entrevistados como o fator mais limitante. Em seguida, aparecem a burocracia excessiva (37%), a exigência de garantias elevadas (28%) e o baixo limite de crédito ofertado (22%).
Além disso, muitos empresários relataram a percepção de que os bancos vêm adotando critérios mais rígidos de análise de risco, o que resulta em condições de crédito menos acessíveis ou até mesmo em negativas de financiamento.
Efeitos diretos na operação das empresas
A escassez de crédito tem impactos concretos. Conforme o estudo, 36% das PMEs deixaram de investir em inovação ou melhorias operacionais, enquanto 27% precisaram reduzir o número de funcionários para equilibrar as finanças.
Na tentativa de manter as atividades, muitos empreendedores têm buscado alternativas informais, como empréstimos com familiares ou antecipação de recebíveis. No entanto, especialistas alertam que essas estratégias tendem a ter fôlego curto e não substituem o papel do crédito estruturado no fortalecimento empresarial.
Organização financeira como diferencial competitivo
Apesar das dificuldades, a pesquisa identificou fatores que contribuíram para a aprovação de crédito. Cerca de 41% dos empresários que obtiveram financiamento afirmaram que a digitalização dos negócios e a gestão financeira organizada foram determinantes no processo. Ferramentas como controle de fluxo de caixa, emissão de notas fiscais eletrônicas e presença digital estruturada ajudaram a aumentar a confiança dos credores.
Perspectivas para os próximos meses
Com a expectativa de que a taxa Selic possa ser reduzida nos próximos trimestres, há uma possibilidade de melhoria no ambiente de crédito para PMEs. Até lá, analistas recomendam que as empresas invistam em práticas de gestão mais transparentes, reduzam a informalidade e adotem medidas que aumentem sua atratividade junto ao sistema financeiro.
O levantamento da Serasa Experian reforça a urgência de políticas públicas e estratégias privadas que ampliem o acesso ao crédito para PMEs, setor essencial para a economia nacional.