A Rede D’Or (RDOR3) e o Fleury (FLRY3) negaram nesta segunda-feira (21) a existência de qualquer negociação formal em andamento para fusão de suas operações. O posicionamento oficial das companhias veio em resposta à veiculação de uma reportagem do colunista Lauro Jardim, publicada no jornal O Globo, que mencionava tratativas entre as empresas para uma potencial combinação de negócios.
Em comunicados enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ambas as organizações afirmaram que, até o momento, não há decisões tomadas, propostas formais ou documentos assinados que envolvam uma eventual transação. Apesar disso, não afastaram completamente a possibilidade de uma aproximação futura.
A Rede D’Or destacou que mantém avaliação contínua de oportunidades de expansão, incluindo aquisições ou fusões que estejam alinhadas à sua estratégia de crescimento. O Fleury, por sua vez, informou que monitora o mercado com base em seu plano de investimentos, mas reiterou que não há qualquer compromisso firmado com a Rede D’Or, vinculante ou não.
As especulações foram reforçadas pelo fato de o Bradesco (BBDC4), maior acionista individual do Fleury, estar envolvido nas supostas conversas. O banco também é parceiro estratégico da Rede D’Or, desde sua fusão com a SulAmérica, o que poderia facilitar uma possível integração.
Fusão estratégica é vista com bons olhos por analistas
Mesmo com a negativa das companhias, analistas do mercado financeiro apontam que uma eventual fusão entre Rede D’Or e Fleury poderia representar ganhos operacionais e estratégicos relevantes. O BTG Pactual avalia que a combinação das empresas faz sentido, ao integrar serviços hospitalares com diagnósticos, criando uma plataforma de saúde mais verticalizada.
Segundo relatório do banco, a aquisição do Fleury ampliaria o alcance da Rede D’Or no setor de diagnósticos, um segmento que hoje responde por cerca de 20% dos sinistros no mercado de saúde suplementar. Além disso, a operação aumentaria o poder de barganha comercial e a captação de pacientes da RDOR.
O BTG também relembra que, em 2021, a Rede D’Or tentou adquirir a Alliar, sem sucesso. Na visão da instituição, o cenário atual é mais favorável, considerando o alinhamento estratégico com o Bradesco.
Apesar do potencial, o impacto financeiro direto seria limitado. O Fleury possui valor de mercado estimado em R$ 7 bilhões, frente aos R$ 75 bilhões da Rede D’Or. Assim, eventuais sinergias – como redução de custos administrativos e geração de receita cruzada – teriam efeito marginal no valuation da RDOR, de acordo com o banco.
Conclusão
Embora ainda não exista acordo firmado, a movimentação em torno de Rede D’Or e Fleury deve continuar no radar do mercado. A eventual união entre as empresas, se concretizada, poderia redesenhar o setor de saúde privado no Brasil, com impactos significativos em competitividade, escalabilidade e inovação na oferta de serviços integrados.