A Petrobras (PETR4) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) iniciaram no domingo (24) a Avaliação Pré-Operacional (APO), um teste que simula um acidente ambiental para medir a capacidade de resposta da estatal na Margem Equatorial, região considerada a nova fronteira exploratória de petróleo no Brasil. O procedimento é etapa decisiva para que a companhia obtenha licença para perfuração no bloco marítimo FZA-M-59, localizado na Bacia da Foz do Amazonas, entre o Rio Grande do Norte e o Amapá.
O que está em jogo
A APO funciona como um exercício prático em que o Ibama cria um cenário hipotético de vazamento de petróleo. A Petrobras deve responder com base em seu Plano de Emergência Individual, que prevê ações de contenção, resgate de fauna e comunicação com autoridades. O órgão ambiental avalia a eficácia dos equipamentos, a agilidade no atendimento e o cumprimento dos prazos estabelecidos para situações de risco.
De acordo com a estatal, mais de 400 pessoas participam do simulado, que deve se estender por três a quatro dias. A estrutura mobilizada inclui a sonda de perfuração NS-42, três helicópteros, seis embarcações especializadas na contenção de óleo, um avião, além de duas bases de atendimento à fauna — em Belém (PA) e no Oiapoque (AP). Mais de 100 profissionais, entre veterinários e biólogos, estão dedicados exclusivamente à proteção animal.
Teste decisivo para o futuro da exploração
O procedimento repete modelo semelhante ao realizado em 2023, quando a Petrobras obteve autorização para perfurar os poços Pitu Oeste e Anhangá, no litoral do Rio Grande do Norte. Agora, o foco está na Margem Equatorial, região que se estende da costa potiguar até o Amapá e que tem atraído atenção após descobertas recentes de petróleo na Guiana, Suriname e Guiana Francesa.
O governo federal e setores do Congresso defendem a exploração no bloco FZA-M-59, apontado como estratégico para ampliar a produção nacional. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), é um dos principais articuladores da liberação. Por outro lado, especialistas e organizações ambientais alertam para os riscos de impactos sobre ecossistemas sensíveis da região amazônica.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a estatal está levando ao Amapá “a maior estrutura de resposta a ocorrências já mobilizada pela companhia”. O Ibama, responsável por conceder a licença, deve analisar os resultados do simulado antes de tomar uma decisão sobre a continuidade das operações na área.