A Simpar (SIMH3) anunciou na terça-feira (19), após o fechamento do mercado, a venda de 100% da Ciclus Ambiental para uma subsidiária da Aegea Saneamento. A operação foi avaliada em R$ 1,9 bilhão, incluindo dívidas, e provocou forte reação no mercado. Na manhã desta quarta-feira (20), os papéis da holding subiam 10,05%, cotados a R$ 4,49.
Estrutura da operação
O valor da transação corresponde a R$ 1,1 bilhão em recursos, enquanto a Ciclus Ambiental permanecerá com uma dívida líquida de R$ 804 milhões registrada no segundo trimestre de 2025. Assim, o chamado Enterprise Value (valor da firma, que inclui capital próprio e dívidas) chega a R$ 1,9 bilhão.
O pagamento será feito em três parcelas: R$ 800 milhões na data de fechamento, R$ 150 milhões em abril de 2026 e outros R$ 150 milhões em abril de 2027. Os valores futuros serão corrigidos pela taxa CDI a partir de 1º de agosto de 2025. A conclusão do negócio ainda depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do poder concedente.
Segundo a Simpar, a alienação está alinhada ao seu planejamento estratégico, voltado para gestão ativa do portfólio, disciplina na alocação de capital e geração de valor aos acionistas.
Reação do mercado
A operação foi bem recebida por analistas. O JPMorgan calculou que a venda ocorreu a múltiplos de 9,8 vezes o indicador EV/EBITDA dos últimos 12 meses (sigla em inglês para earnings before interest, taxes, depreciation and amortization – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) e 7,7 vezes o EV/EBITDA projetado para os próximos 12 meses. Para efeito de comparação, a própria Simpar negocia a 3,8 vezes e os pares globais do setor de resíduos sólidos, a 8,3 vezes.
Em relatório, o banco destacou que a operação reduz a alavancagem da holding – dívida líquida de R$ 3 bilhões no segundo trimestre – e libera capital ao monetizar subsidiárias não listadas. O JPMorgan reiterou recomendação de exposição acima da média (equivalente à compra) e manteve preço-alvo de R$ 8,50 para as ações da Simpar.
Avaliação de outros bancos
O Bradesco BBI também avaliou o negócio como positivo. Para a instituição, o múltiplo de 9,8 vezes EV/EBITDA foi bem superior ao patamar de 4,5 vezes da própria Simpar, gerando um valor patrimonial equivalente a cerca de 30% do valor de mercado da holding.
Além disso, o BBI estima que a transação pode reduzir a dívida líquida da companhia em até 37%, o que traria alívio diante do nível de endividamento. O banco também ressaltou que a venda de ativos deve continuar como estratégia para destravar valor, incluindo ativos portuários, que podem alcançar avaliação de até R$ 1,9 bilhão, dependendo do desempenho operacional.
Perspectivas
Com alavancagem de 3,6 vezes dívida líquida/EBITDA no segundo trimestre de 2025, a Simpar deve reduzir esse índice em aproximadamente 0,1 ponto com a venda da Ciclus Rio. Ajustando por ativos excedentes em outras controladas, o índice poderia cair ainda mais.
Para o BBI, a empresa segue no caminho da desalavancagem e da otimização de seu portfólio. A recomendação do banco é de desempenho acima da média (outperform), com preço-alvo de R$ 10,00 por ação.